TRANSGRANCANARIA 360º
A PROVA QUE TINHA TUDO PARA CORRER
MAL
Alguns dias depois de terminar a Transpyrenea e com as mazelas
ainda frescas, fui desafiado a fazer a inscrição numa nova aventura lá para
Fevereiro. Ainda não andava direito, mas nem hesitei e quando dei por mim já
estava inscrito.
Uns dias depois e a seguir à participação numa prova de 20 km
no Valado, apareceu-me uma dor que, aos poucos, se tornou cronica. Poucos
treinos fiz, e provas foram-se fazendo algumas quase sempre com sofrimento no
tornozelo do pé esquerdo. Mas estava inscrito e por isso iria estar presente na
linha de partida para ir até onde o pé me deixasse. Sabia que não podia abusar
pois os iria ter muitas horas pela frente depois de 6 meses quase sem treinos.
Mas à hora marcada lá fui com a Célia para a linha de partida
para as fotos da praxe do grupo dos portugas presentes.
É chegada a hora e depois do tiro de partida não há volta a
dar-lhe – vamos lá correr. Saio bem, num trote a um ritmo confortável ficando
num segundo grupo que se manteve ao longo de todo o canal e até à entrada por
trilhos no meio do canavial. Alguns pequenos enganos, mas com relativa
facilidade encontrávamos o rumo certo. Foi um bom inicio de habituação à
navegação GPS.
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A concorrência era forte |
Entretanto chega-se a nós o José Mota aumentando o grupo que
seguia em fila pelos trilhos a subir. Eu mantinha-me colado à cauda do grupo.
Neste grupo seguia também nas calmas o principal candidato à vitória e que
seguia aqui como se correr não fosse nada com ele. (Viria a ser uns dos
primeiros). O José Mota ganha algum avanço na subida, mas ao virarmos por um
trilho técnico na direcção da primeira aldeia, consigo chegar-me a ele.
Aproximamo-nos de São Bartolome de Tirajama ao inicio da tarde e com muito
calor. Uma paragem no centro da vila, para uma primeira cerveja, que a seguir adivinhava-se uma empreitada difícil. Tínhamos mais de 1000 m D+ em cerca de 5
km. Mas o problema não eram os 1000 d+, mas a dificuldade técnica da subida.
Era só o sinal do que estava para vir.
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Presente... para a partida. |
Pouco a pouco lá fui subindo, chegando lá a cima sozinho. Ao
chegar tenho 4 estradas, vejo fitas para a esquerda e nem hesito, começo a
seguir as fitas. O triho agora era bom e dava para correr. Ao fim de algum
tempo começo a desconfiar da sorte e decido ligar o gps. Puta da sorte, já não
vejo o trilho, vamos para trás. Quando avisto o trilho certo começo a ver o
pessoal que vinha atrás e lá sigo a descer a caminho da primeira base de vida. Começa
a chover e ao entrar na base de vida o nevoeiro vai-se adensando. Está feita a
primeira etapa.
O José Mota já está quase de saída da BV e eu vou aproveitar
para comer com calma e descansar um pouco. Fiz uma paragem de cerca de 1 hora e
à saída da sala somos surpreendidos pela chuva e frio que se faz sentir na rua.
Visto impermeável e luvas e sigo sozinho o meu caminho. Um pequeno engano que
serviu para me juntar a um grupo que me irá acompanhar durante algumas horas a
caminho da Aldeia onde se situa a 2ª base de vida. Sigo ora na cauda ora na
frente deste pequeno grupo. Num dos momentos em que comandava seguimos pelo
trilho errado cerca de 100 m e ao voltarmos, agora na cauda, os
companheiros de
jornada, em vez de viraram para o trilho correto seguiram no sentido inverso.
Digo-lhe que vão mal mas não me entendem e eu volto para o trilho certo,
sabendo que eles depressa se dão conta do erro e me vêm apanhar. Numa descida
de pedra solta sou surpreendido por um escorregão devido ao rolamento das
pedras debaixo dos pés e dei varias voltas a rebolar por ali abaixo. Quando eles
me apanham ainda estava sentado a avaliar os estragos. Uma ferida na mão estava
feia e ia deixando rasto de sangue. Vamos fazer uma descida perigosa até Morgan
onde encontramos elementos da protecção civil, que não tinham nada para me
tratar as feridas. Atá água para uma lavagem da mão tiveram de ir pedir a uma casa ali perto. Sigo até ao
centro da aldeia para onde já tinham seguido os meus companheiros e, enquanto 3
deles não pararam, o italiano fui encontra-lo na tasca já com a cerveja à
frente. Era 1 da manhã e aquela hora já só gente da noite estava por ali.
Sento-me ao balcão e o sr da tasca, ao ver a minha mão arranjou logo betadine e
ligaduras para fazer curativo. Peço uma cerveja e um pratinho de tapas (mistura
de grão com padacitos de carne).
Depois de abastecer partimos, mas depressa o italiano começou
a ficar para trás. A subida inclina e decido esperar por ele. Como nunca mais
chegava voltar para ver o que se passava. Vou encontrá-lo já deitado para o
descanso. Continuo sozinho montanha acima decidido a dormiscar mais para a
frente. Ao começar a descer para uma pequena aldeia (Veneguera) procuro por um
local para acantonar. À entrada encontro um banco óptimo, numa paragem de
autocarro, onde monto o meu acampamento para menos de 1 hora de descanso.
Enquanto durmo vão passando alguns atletas.
Depois do descanso ponho-me a caminho ao som do cantar dos
galos. Pensava que poderiam faltar cerca de 12 a 15 km até à BV e depois de
cerca de 1 km quase plano avisto vários frontais na subida o que me dá sempre
uma adrenalina extra. Vou alcançá-los antes de chegar a uma estrada asfaltada
lá no alto. Depois de cerca de 100 m voltamos a um trilho paralelo ao alcatrão
e começamos a avistar luzes ao fundo. Será a BA? Lanço-me por ali abaixo a
grande velocidade e finalmente entro na aldeia (Tasarte), mas BA nem vela. Voltamos
a uma subida até aos 700 m e entramos numa estrada asfaltada bastante estreita
que vamos descer por cerca de 2 km. No vale à nossa direita vemos as luzes da
povoação lá bem ao fundo, mas não havia forma de descer para lá. Vamos perdendo
altitude a pouco e pouco mas ainda estamos muito altos. Saímos do alcatrão e
para um estradão que quase seguia as curvas de nível. Sou apanhado por 2
atletas locais que conheciam o percurso e me dizem que ainda temos de dar uma
volta de alguns kms até atingir a BV. Passamos no meio dos celebres parrais
(grandes estufas) e só depois iniciamos a descida de verdade até ao colégio
onde estava instalada a BV em La Aldea. Antes de chegar à base ainda alcanço um
grupo onde estava a Dinamarquesa também emissário de Andorra.
A BV estava animada por um grupo muito grande de voluntários
e alunos do colégio. Tento fazer um curativo da ferida da mão, mas não havia
ninguém para apoiar. Apenas nos forneceram betadine. Os pequenos alunos da
escola iam fazendo trabalhos relacionados com a corrida e vinha conversar com o
pessoal.
Para almoçar pedi uma sopa e arroz com frango. No fim de ter
comido quase tudo, acabo por vomitar o que me fez recordar que tinha de tomar
omeprazol. Entretanto chega o Artur e o Gonçalo e decido ir tomar um banho e
dormir 1 hora. O banho foi semi-abortado porque a água estava fria. Passou a
lavagem dos pés e cara e pouco mais, a a horita de descanso foi cumprida
enquanto ao lado o Artur e o Gonçalo iam arrumando as suas coisas. Despeço-me
deles dizendo-lhe que seguramente me iriam apanhar pouco à frente, porque a
confiança não era grande.
A subida seguinte havia de nos
levar aos quase 1000 m e depois era descer 900 m até à povoação de El Risco.
Consigo ultrapassar dois atletas na subida e outros 2 na descida até chegar ao
bar em El Risco onde um pratinho de calamares fritos com batatas fritas serviu
para recuperar aquilo que tinha vomitado na BV. Chegamos a estar 5 atletas
neste bar. Entretanto o Esloveno vai embora e eu ainda fico à espera do café e
da conta. Parto um pouco depois e vou ultrapassá-lo na subida… e que subida.
Trilho nem velo. Tinhamos de ir escolhendo o menos mau, muitas vezes com
tracção às 4, até que entramos num “canal” de rochas em que cada passo era um
desafio. Chegados a um ponto critico, opto por subir pela esquerda pois vi
vestígios de subida por aquele sítio. Era uma rocha enorme com pequenas reentrâncias
que serviam para agarrar os pés, mas o pior foi a chegar quase ao cimo onde não
tinha apoio para os pés e as mãos não tinham onde agarrar. Fico suspenso com a
barriga em cima da rocha e já sem apoio para os pés e a sentir as forças dos
braços a escassear. Estava nesta situação a tremer que nem varas verdes, quando
o esloveno que vinha atrás consegue dar-me um empurrão aos pés, o suficiente
para me conseguir arrastar para cima da rocha e alcançar uma varanda segura.
Depois à que puxar o esloveno. Seleccionei o bastão que tinha reforçado com
parafusos e finquei bem os pés conseguido puxá-la até lá acima. Depois
sentamo-nos os dois na tal varanda com uma vista espectacular sobre o vale a
acalmar da tremideira, antes seguir viagem. Foi a situação mais complicada que
vivi em todas as minhas aventuras. A ‘viagem’ continuou por ali acima ainda com
muitas passagens perigosas até chegar a porto seguro em subida pelo pinhal.
Depois de chegar aos 1300 m iniciamos a descida e pouco depois estamos numa
barragem. Descemos por algumas centenas de metros por um estradão e voltamos a
entrar num trilho a descer ao longo do vale. Já é noite escura. Lá bem ao fundo
vemos luzes. Depois de muito descer e à saída do trilho vejo luzes ao fundo e
penso tratar-se de algum posto de controlo. Aproximo-me e vejo um casal
simpatiquíssimo - Ana Y Jonay Valencia Jimenez - que esperava com água e barras e o incentivo
que precisava naquele momento.
Ainda entramos num trilho junto ao rio e desembocamos na
povoação de S. Pedro. Faltam 15 km para o próximo destino – BV3. Passo por um
bar movimentado e não paro para comer ficando a pensar que fiz mal, porque
ainda falta muito tempo para alcançar a BV. Mas cerca de 1 km à frente encontro
um restaurante onde, um pouco a medo entrei. Fui bem recebido e rapidamente me
arranjaram algo para comer.
Pouco mais de meia hora depois volto ao trilho e inicio a
subida por uma zona lamacenta que nos havia de levar ao alto à povoação de
Saucillo. Aqui vejo finalmente ao fim de
muitas horas, atletas à minha frente. Inicialmente a descida é pela estrada de
alcatrão com trilhos nas curvas mais apertadas. Consigo alcançar o grupo e
ultrapassá-los. Continuamos a descida acentuada, agora por estradão até à
entrada da vila da Guia, onde somos desviados para o leito de um rio seco até
atingir a BV3.
Nesta BV não tínhamos saco e por isso limito-me a comer e ir
dormir cerca de 1 hora. Estava a dormir bem quando me foram acordar, por isso
custou um bocado a sair da cama, mas o que tem que ser tem muita força. Foi por
mochila à costas, comer mais qualquer coisa e marchar. Seriam umas 2:30 da
manhã e seguía ao longo das ruas desertas da vila, até voltar ao mato. A
próxima BV estava a cerca de 50 km e já estávamos de volta dada, por isso o ânimo
começava a aumentar. Passamos por várias aldeias e descemos a um vale por meio
de matagal e silva onde aparece uma mesa com dois banco e que me pareceu
adequado para dormir uma sestinha matinal – é que por volta das 5h da manhã sou
sempre atacado por uma soneira. Cerca de meia hora foi suficiente, e arranco
logo a seguir à passagem de uma atleta que não identifiquei.
Chegamos de seguida à povoação de Moya onde um café
madrugador me soube tão bem.
A subida que se segue tem como única dificuldade a lama chata
que se agarra às sapatilhas e termina num piquinho onde a inclinação se
acentua. Depois é só descer até à quinta do Osorio, um local de turismo com
jardins bem arranjados e muito agradáveis, já nas proximidades de Teror, uma
cidade de alguma dimensão. Mais uma paragem para alimentação num dos bares da
cidade. Chove lá fora copiosamente. Mais umas tapas (roupa velha) e uma cerveja
e estou preparado para seguir viagem. Atravessamos todo o centro urbano e
iniciamos uma subida acentuada embora não muito longa. No alto uma laranja
soube como mel. Seguimos nas imediações de pequenas aldeias e os kms vão
passando sem ver ninguém da corrida há largas horas.
Começo a descer e pelas minhas contas não deve faltar muito
para a BV5. Avisto alguem lá à frente a tirar fotos. Gritos de incentivo e ao
chegar pede-me para tirar uma selfie com ele. Diz-me que faltam uns 7 km para a
BV quando pelas minhas contas não deveriam faltar mais de 3. Não fico nada
satisfeito com a informação e lanço-me por ali abaixo pela estrada de asfalto e
só uns minutos depois decido confirmar o caminho no gps. Claro que estava errado
e lá tive que subir estrada acima porque tinha de entrar num trilho à esquerda
logo 100m abaixo do cruzamento. Ando cerca de 500m e encontro uma pessoa a
passear um cão que me diz que faltam 800m para a BV. Duvidei e ele confirmou
que sim. Afinal a informação anterior é que estava errada. E confirma-se, BV5 à
vista. Agora só faltam 65 km. Finalmente faço o tratamento às feridas. Esta BV
tinha um enfermeiro que me limpou minimamente a ferida e fez o seu curativo
depois de um banho bem quentinho. No fim de comer vou dormir 1 hora antes de me
por ao caminho. Ainda acordo antes da hora combinada para o despertar.
Saio já com o frontal preparado, visto que está a escurecer.
Vai ser uma longa noite cheia de emoções.
Atravessamos as ruas da vila e descemos pelas trazeiras para
um vale com bastante vegetação. Iniciamos a subida até apanhar um trilho que
acompanha uma pequena ribeira ao longo de alguns km. Somos conduzidos para uma
zona de muita vegetação com algumas partes complicadas, sempre junto ao leito
da ribeira e às vezes sem trilho definido. Às tantas começo a ver-me entre duas
enormes paredes verticais com dezenas de metros e menos de 5 m de largo. Vou
ultrapassando alguns desníveis com cascatas bem bonitas. Eram difíceis, mas a
subir não era muito complicado, até que chego a uma galeria com uma cascata
enorme impossível de transpor. Fico uns momentos a admirar a beleza do local,
mas estava sozinho, era quase meia noite, estava fora do trilho e o retorno era
muito mais complicado porque as descidas eram perigosas. Mantive a calma e
tentei fazer o caminho de volta o mais depressa possível para me sentir em
segurança. Pouco depois lá encontrei o pequeno devio agora à minha esquerda e
que não tinha visto. Era um trilho a subir bastante, nalguns sitios perigoso,
mas com muita paciência, fui subindo até encontrar uma gruta cavada na rocha
onde entrei e fiz uma pausa para passar pelas brasas. Este trilho estava
referenciado com sendo cerca de 1 km perigoso, principalmente durante a noite.
Com novo folgo depois do descanso, continuei a subida até atingir o cume acima
dos 1500 metros e iniciar a descida. O sono continua a apertar e sinto
necessidade de dormir mais um pouco. Estava muito frio e chova miúda. Encontro
uma casa de montanha que tinha um alpendre abrigado que se mostrava adequado
para estender o saco-cama e dormir. Visto toda a roupa quente que tenho e
meto-me no saco, mas mesmo assim acordo um pouco depois a tremer de frio. A
luta interior deu-se entre a necessidade de dormir e o frio extremo que começava
a sentir. Ainda aguento um bocado, mas tive de tomar a decisão de arrancar
rápidamente para evitar entrar em hipotremia. Parto com toda a roupa vestida e
o poncho por cima e rapidamente recupero o calor do corpo, ainda antes de
chegar à aldeia.
Vejo luzes de frontal na montanha em frente. Devem ter
passado enquanto dormia. Antes de iniciar a subida dispo a roupa que tinha
vestido. Tinha 400 m de desnível por trilho anunciado como perigoso e a
realidade confirmava essa classificação. Chegamos ao alto e andamos em
autentico corta-mato pelo meio de pedras e matagal. Encontramos uma parte
marcada na descida e os frontais que tinha visto desapareceram. Nesta subida
sinto várias vezes a dor no pé, o que me fez ter algum receio, por o trilho
tinha algumas partes muito perigosas e esta dor repentina quando apoio deixa-me
sem força.
Vou continuando a minha marcha solitária animado agora por
ver luzes da aldeia lá ao fundo. Tinha cerca de 600 m de desnível até lá
chegar.
Seriam cerca de 6 horas da manhã e não se via vivalma. Mas na
escadaria a subir na saída da aldeia tínhamos vários cartazes de incentiva
assinados pelos habitantes de Tamisas. Ainda vamos subir cerca de 200m antes de
inicial a longa descida até à BV5.
Iniciada a descida de cerca de 6 km e 500 m de desnível
voltei a correr e isso fez com que começa-se avistar pessoal à frente. Claro
que era isso que precisava. Nunca mais parei de correr ultrapassando
rapidamente os 4 companheiros que seguiam na frente. Ainda vamos passar por uma
zona muito interessante onde atravessamos por um túnel debaixo da montanha e
depois foi descer em alcatrão até à BV5 em Santa Luzia, junto a uma barragem.
Decidi fazer uma paragem curta de pouco mais de meia hora, só
para comer e relaxar um pouco e seguir viagem. Só faltavam uns 35 km com uma
subida de 600 m de desnível e depois era só ir descendo para os 9 kms finais
pela praia.
Circundamos a barragem a meia encosta tendo de gatinhar por
tuneis de passagem de tubagens durante cerca de 1 km, e depois iniciamos a
última grande subida. Estava a sentir-me bem, por isso fui ganhando terreno em
relação a 2 atletas que tinha passado atrás. Esta primeira parte da subida,
embora bastante inclinada, não tinha dificuldades técnicas. Uns 2 km passados e
entramos num dos “trilhos” mais complicados. O trilho em muitos sítios não
existia e pedra para saltar não faltava. É necessário toda a atenção do mundo,
pois um pequeno descuido é a morte do artista. Nalguns sítios tenho de parar
para estudar a melhor forma de passar para o outro lado. Passamos por uma gruta
e pouco depois iniciamos uma subida por cordas, que foram um auxiliar precioso.
Finalmente atravessamos o cume é entramos num grande planalto, em muitos sítios
sem trilho, o que nos obriga a ir olhando em permanência para o gps. Para junto
ao ponto mais alto para comer a sandes de queijo que tinha trazido da BV. De
seguida vou andando pelo planalto, mas aqui o percurso era monótono o que me
provocou uma soneira… Tenho uma pedra ao jeito, por isso faço uma pequena sesta
de 15/15 minutos e arranco atrás de dois companheiros que entretanto passaram.
Como estes pequenos descansos me dão uma alma nova, depressa os ultrapasso e
sigo sozinho. São cerca de 9 km com muita pedra solta e um percurso massacrante
para quem já vem com 3 dias de prova. A pouco e pouco vamos perdendo altitude,
até que iniciamos a descida de verdade e começamos a ver o mar ao fundo.
Entramos na povoação e depressa entramos na tão desejada areia da praia.
No início ainda vamos alternando travessias pela areia e
passagens nos passadiços das praias, até entrar em definitivo na areia. Tento
visualizar o farol, mas tinha ainda as grandes dunas na frente e não conseguia
ver nada. Apenas caminho numa passada mais ou menos rápida. Ainda ensaio um
passo de corrida mas não dá. Que 9 km tão compridos.
Devem faltar uns 4 km quando olho e aparecem os dois que
tinha deixado para trás há 6 horas na subida. Incentiva-me para correr e “maria
vai com as outras”, lá sigo corricando com eles. Começo a sentir-me tão bem,
que já sou eu a puxar pelo grupo. Depressa começamos a avistar o farol ao fundo
e depois foi dar-lhe forte para lá chegar o mais depressa possível. Chegados ao
farol, faltava menos de 1 km pelas ruas de Maspalomas. Continuamos o nosso
passo de corrida e entramos os 3 na recta da meta cheios de força para um
sprint final e gastar a energia que sobrava de 80H40 minutos passados algures
pela ilha da Grancanaria. E assim termina a minha 3ª maior distância em prova e
o primeiro desafio do ano.
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Festa de encerramento |
Desempenho muito acima do espectável atendendo aos
condicionamentos todos com que parti.
1919 | 6040 | Serrazina JORGE | CA Obidos | VET H | 1 | 80:40:28 | | POR (Portugal) |
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Com dois grandes - 1º e 2º dos 85 k |