Andava eu por Chamonix em 2010, antes da partida para o UTMB, e encontro o Gonçalo, que me diz que não participa este ano porque vai fazer uma prova de 330km 15 dias depois. Esta ficou-me gravada no subconsciente. Será que conseguirei fazer uma barbaridade destas? Acompanhei depois a aventura dos nossos dois representantes nessa 1ª edição, e começou a despertar em mim esse interesse em fazer mais esse teste à capacidade de resistência. A Célia também disse que um dia queria experimentar. A ideia foi sendo alimentada, e na minha mente foi-se criando um dilema – já tenho 54 anos e o “prazo de validade” está a esgotar-se. A fazer uma coisa destas tem de ser o mais depressa possível. Não deu para pensar muito, está decidido. A Célia alinha e de seguida juntam-se o Jorge Mimoso, João, Pedro Basso e David. Faço a inscrição logo na abertura para não haver retorno, e só no fim é que começou a pensar friamente no que me estava a meter:
Como é que se treina para uma coisa destas?
Mando mensagem ao Gonçalo que me dá algumas dicas, e que aponta como componente importante do treino a Bicicleta. Fico ainda mais confuso. Não me apetece andar horas a fio em cima de uma bicicleta. Decido fazer o treino habitual e inscrever-me em algumas provas que serviria de treino. OH Meus Deus, Caminhos do Tejo, Freita, e Andorra, seriam os treinos longos.
O último teste seria Andorra (2meses antes), que embora estivesse a correr bem e de acordo com o planeado, fui obrigado a abandonar aos 85 km com uma crise de hemorróidas. Serviu-me de lição. Tive de fazer o tratamento prévio e durante o TDG.
Os 2 últimos meses, para além de não fazer qualquer prova, não tive um programa de treinos regular e muito menos com a intensidade que seria desejável.
Por tudo isto parti para Itália com expectativas baixas em relação ao sucesso (=terminar) no TDG. Mas estava inscrito, tinha de começar.
Preparação:
Depois da experiência das participações no UTMB e outras, esta fase de preparação do que levar torna-se menos complicada. Também tínhamos a possibilidade de enviar um saco com boa capacidade (até 25 kg) que nos acompanharia nas 6 bases de vida. Decidi enviar uma muda de roupa para cada uma delas.
Como fomos informados que haveria alimentação sólida em todos os 43 abastecimentos, a reserva alimentar a transportar é reduzida ao mínimo.
Depois de uma noite bem dormida e dos últimos retoques no saco, lá partimos de casa que dista cerca de 2 km do pavilhão onde iríamos entregar os sacos. Um último café e controlo de partida.
1º Sector – Courmayeur – Valgrisenche – 48,606 km – D+3750 – D-3295
Principais dificuldades: Col d’arp 2571m, Passo alto 2857m e Col de Crosatie 2838m. Precurso duro e técnico.
Respirava-se um clima de calma aparente. Tiraram-se as últimas fotos, e à hora certa lá vamos nós a trotar com muita calma pelas ruas de Courmayeur ao som de música e badalos. Cerca de 1 km depois entramos no percurso inclinada onde não haveria possibilidade de ultrapassar, mas isso também não seria problema. Tinha-mos pela frente uma subida inicialmente no meio da floresta, depois numa pradaria tendo como cenário os cavalos na pastagem. Que cenário maravilhoso, o zig-zag pela montanha acima.
Em 8km tínhamos de vencer um D+ de 1364m até atingir o col d’Arp com cota2571m. Este col estava bastante animado. Tinha noção que o ritmo era lento, mas como a confiança não era muita preferi aguentar nas calmas.
Começamos a primeira descida, primeiro até ao abastecimento, D- 520m em cerca de 3km. Descida fácil com uma paisagem a ajudar e abastecimento em Baite Youlaz., voltando a descer até Thuile (D- 593). Aqui paro cerca de 20 min. A primeira de muitas cervejas com presunto, queijo e frutas secas dão o mote ao que seria a base da alimentação ao longo da semana.
Saímos por uma estrada de asfalto por cerca de 1 km, entrando de seguida num estradão e carreiros que nos levariam às cascatas. Breve paragem para recolher algumas imagens e pouco depois um abastecimento improvisado por miúdos e senhoras em plena montanha. Começo a verificar que água não vai faltar. As constantes cascatas permitem-nos uma hidratação de luxo, com água de 1ª qualidade. O copo vai sempre à mão e a hidratação faz-se com muita frequência. Estamos a subir para o Rif Deffeyes a 2500 (D+1042) onde encontramos novo abastecimento. A partir deste abastecimento continuamos por um percurso relativamente plano mas pedregoso durante cerca de 2 km seguido da subida para o Col Haut Pas a 2857Muita pedra a chegar ao topo. Sigo com um americano. Os americanos distinguiam-se pelos calções normalíssimos de caminhada. Umas fotos e toca a descer até aos 2017m onde estava o abastecimento de Promoud – uma vacaria (em 3,6km descemos 840m).
Começo a notar algum cansaço muscular devido as descidas e isso preocupa-me.
Nova subida de mais de 800m em cerca de 2,6km, até um col de Crosaties, com uma parte final muito íngreme, muito técnico, quase em escalada com cordas de apoio, e com vistas fabulosas. Quando chegamos ao alto ouvem-se os primeiros trovões. Quase não paro e avanço para a descida muito rápido para tentar antecipar-me à trovoada. A descida é sinuosa e pedregosa. Começam a cair uns pingos mais frequentes. Passo por um atleta a coxear. Pergunto se necessita de ajuda, diz-me que está a tentar chegar ao abastecimento. A chuva começa a cair e os relâmpagos são frequentes. Está a anoitecer, tento alcançar o alcatrão que vejo lá ao fundo, que me levaria ao abastecimento de Planaval. Como não levava a minha cábula, pensava tratar-se já da 1ª Base de Vida. Quando chego fico desiludido. Chove torrencialmente. Faltam 5,6km para o fim do 1º sector. Visto o impermeável mas com tanta chuva não apetece sair. Espero um pouco, ganho coragem e saio com um grupo. Percurso plano com alcatrão à mistura com trilhos cheios de água. O 1º sector está feito com muita calma e um tempo dentro do previsto (11H10).
2º Sector – Valgisenche – Cogne – 53,535km D+4137
Principais dificuldades: Col Fenetre 2840m, Col Entrlor 3007m,e col Loson 3396m. Foi dos sectores mais duros de toda a prova, pelo desnível, altitude, frio, piso e perigosidade de alguns troços.
Chegou a altura de tomar um banho, e tentar dormir um pouco. Deito-me numa cama de campanha, mas não consigo dormir devido ao barulho da instalação sonora. Nessa altura lembrei-me dos relatos que tinha lido. As bases de vida são o pior stio para descansar. Decido preparar-me para partir. Vou jantar e encontro o Basso e o Mimoso. O Pedro decide abandonar, desafio o Mimoso para partirmos. Enquanto espero por ele, vou comendo e depois de 2H17 de paragem partimos nas calmas. De inicio não chovia, mas foi ‘sol’ de pouca dura. Começa a chover com alguma intensidade e o Mimoso não levava impermeável adequado. Chegamos ao refugio e o Mimoso decide dormir um pouco para ver se a chuva passava. Eu sentia-me bem e decidi continuar. Faltava um pouco menos de 500 D+ para atingir o Col Fenetre. (2840m). A descida a seguir foi uma das mais perigosas, com zig-zags constantes, inclinações brutais e muita chuva. Uma escorregadela era a morte do artista. Temos um D- 1116 em cerca de 4,5km. Chego ao abastecimento a Rhemes com muito sono. Tento dormir, mas a lotação para dormir estava esgotada. Tinha de esperar por vaga, cerca de 1 hora. Depois de cerca de 30min de paragem decido arrancar até ao próximo abastecimento, mas pelo meio tínhamos o 2º col mais alto da prova - Col Entrelor. Com sono e uma subida muito técnica, tornaram esta missão bastante penosa. Este foi o 1º momento psicologicamente negativo, em que cheguei a pensar que seria muito difícil levar esta missão a bom termo. Era noite cerrada e por vezes chovia. As mãos arrefeceram de tal forma que nem com duas luvas em cada mão aqueciam. Fiz a subida sempre em grupo e mesmo com estas condições atmosféricas, tivemos de nos sentar todos os 5 do grupo talvez uns 5minutos para recuperar um pouco. Mas lá avistamos o marco do fim da subida já com o amanhecer
No inicio da descida estava um socorrista com uma cabine de apoio. Bem olhei lá para dentro com vontade de entrar e dormir. Tinha pela frente 9km de descida(D-1348) até ao abastecimento de Eaux Rousses. Preparei-me psicologicamente para dormir nesse local. Na descida encontro alguns a dormir ao sol. Quando chego, verifico que o abastecimento era uma pequena tenda. Informam-me que não há local para dormir. Vejo alguns a dormir no chão. Vejo um banco de jardim e elejo-o como cama. Deito-me, sei que dormi alguns minutos (não sei quantos), mas acordo com o frio, tento reagir. Vou beber um café quente ,comer e arranco. Estimo ter estado parado cerca de 1 hora. Ia atacar o col mais alto. Inicio a subida num bom ritmo, atrás de um casal com o nr. 133 e 134, o que quer dizer que terminaram o ano anterior nessa posição. Penso que eram uma boa referência. Em 10,6km tínhamos um D+ de 1642m. Começo a ver óptimos locais para dormir um pouco. O sol ajudava. Decido fazê-lo, mas só quando ultrapassa-se os 2500m. Ora aí está um lugar de eleição para descansar um pouco. Relvinha, estendo o impermeável, tiro as sapatilhas e toca a dormir. Acordo, como a única barra durante toda a prova, e estava preparado para os 800m de desnível que tinha pela frente. A subida deste colo parece-me mais fácil. Era pedregosa e muito inclinada na parte final, mas a moral estava em alta. (Col Loson- 3296m)...
Estava a 12 km do fim do sector. O inicio da descida era difícil e perigoso. Neste momento estava bem e por isso iniciei a descida em passo de corrida, fazendo muitas ultrapassagens até ao Rif. Sella. Mais uma paragem de alguns minutos neste abastecimento, e retomo o bom ritmo que trazia. A descida a partir daqui tem parte muito técnicas, mas consigo fazer quase tudo a correr. À nossa esquerda corre um rio com um barulho ensurdecedor provocado pelas enormes cataratas. Depois de chegarmos ao vale seguimos cerca de 2km num misto de alcatrão e caminhos até à 2ª base de Vida (Cogne).
Ao entrar no pavilhão ouço gritar pelo meu nome. Era um espanhol (Samuel) que vinha de fazer o Transalpine. Estava aqui para apoiar os espanhóis. Deu-me alguns conselhos. Vou directo para o banho, e de seguida vou às massagens, porque sentia que tinha abusado bastante nesta última descida. Doíam-me as pernas. Tinha decidido não dormir, por isso depois das massagens, vou comer e preparar a saída. Tudo com muita calma – estou parado 2H05.
3º Sector Cogne - Donnas (46,595km – 1383D+ 2600D-)
Principais dificuldades são o Col Fenetre de Champorcher (2825m)
Saída do abastecimento de forma descontraída, num percurso quase plano nos primeiros 3 km. É fim da tarde e encontram-se várias pessoas a treinar. Vou com um grupo. Cerca de um km depois da partida apanho um grande susto. A mochila estava aberta, avisa-me um dos companheiros que seguia no grupo. Paro e verifico que o fecho estava estragado. Páro, e depois de várias tentativas lá consigo consertar o fecho. Problema resolvido, lá segui até Lillaz onde saíamos para um trilho que nos levava às cascatas e depois ao abastecimento de Goilles. Foi uma paragem rápida para beber uma coca cola e comer queijo e presunto. O objectivo era chegar o mais depressa possível ao refugio seguinte para dormir. Para isso tínhamos de vencer um desnível de 700m em cerca de 9km. A subida era suave e já foi feita quase toda com o frontal ligado. Finalmente avistamos o refugio de Sogno. Logo que chego vou dormir 2 horas. A comida fica para depois. Estive talvez mais de meia hora para adormecer, mas depois só acordei com as meninas do refúgio a acordarem-me. Estava tão bem que não apetecia nada sair dali. Lá me levanto, vou lavar a cara para acordar e desço para a sala onde aprecio os petiscos para a refeição. Olho para o lado e vejo o João que tinha chegado há pouco tempo. Tinha-o ultrapassado na base de vida anterior sem dar por isso. Eu estava a preparar-me para a saída e ele ia dormir um pouco. Despedimo-nos com a convicção que nos íamos encontrar mais para a frente. Saio com 2 franceses a caminho do col Fenetre que dista 1,8km e 300D+ do ref. Quase a chegar ao cimo, por um trilho muito estreito e em zig-zag, encontramos um obstáculo inesperado. Um rebanho de cabras elegeu o trilho para cama o que impedia completamente a passagem. Lá tivemos de interromper o descanso do rebanho. Os bastões serviram de cajado para fazer levantar as cabras.
Depois e ultrapassar o col deixo os 2 franceses para trás e faço a descida rápida. O luar estava esplêndido. Passo ao lado do Lago Miserin e continuo a minha progressão solitária até uma espécie de quinta. Tinha as bandeiras que faziam supor que seria o abastecimento, mas estava tudo fechado. Abro uma porta e lá estava o abastecimento. Um espaço pequeno mas acolhedor. Era o refugio de Dondena. Como vinha bem faço o abastecimento normal à base de queijo, chouriço e cerveja e parto cerca de 15 min depois. Quando saí vinham os franceses a chegar. Apanhamos uma descida íngreme mas curta até ao rio, e ao chegar cá abaixo tive um dos pouco momentos em que não via a balizagem. Mas lá se compôs. Entramos depois numa grande pradaria seguida de um trilho mais empinado e técnico que nos havia de levar ao abastecimento de Champorcher. Eram 2:55 e o espírito dos voluntários mantinha-se na recepção aos atletas. Paragem de pouco mais de 5 min e arranco novamente na minha marcha solitária. Etapa relativamente fácil por trilho no vale e meia encosta, atravessando algumas aldeias de montanha, até ao abastecimento de Pontboset. Também só para o tempo suficiente para abastecimento e julgando que ate Donnas era só descer o vale, lá me ponho ao caminho. Pouco tempo depois já estávamos num trilho de meia encostas com travessia de pontes suspensas de grande altura e que, com o balouçar, fazia as pernas tremer que nem varas verdes. Que cataratas, ao luar estavam maravilhosas. Que pena não passar de dia para tirar umas fotos. Depois desta travessia de floresta, atravessamos o Vale de Aosta a caminho de Donnas, já com ao amanhecer. Entrada pela estrada romana e cerca de 1km por dentro da povoação até à base de vida. Nova paragem para o banho alimentação e descanso(1:35). Esta é a cota mais baixa (300mts).
4ª Sector – Donnas – Gressoney (53,15 km – 4584D+ 3585D-)
Principais dificuldades – Col Portola 1966m, Col Carsey 2124m, Col Marmontana 2348m e Co de la Vecchia 2184m. É uma etapa para sofrer, principalmente na 2ª metade. Quando se chega a Niel o desgaste é notório.
Depois do descanso, a partida para mais uma etapa com o objectivo de ultrapassar o meio da prova e iniciar a contagem decrescente. Subida inicial até aos 800 m a bom ritmo e descida para o abastecimento de Perloz onde, mais uma vez a simpatia dos voluntários nos aguardava. Mais um abastecimentos normal com paragem de cerca de 10 min e continuamos a descer até à ponte pedonal designada Tour d’Hereraz. Segue-se um longo percurso na meia encosta, sem grandes inclinações e que permitia um ritmo mais vivo até chegar a uma longa escadaria , com grande inclinação que no levaria ao abastecimento de Sassa. Nesta subida ia muito bem conseguindo ultrapassar alguns atletas, incluindo o nº 9 (9º da 1ª edição) o que me deixou com moral em alta.
Novo abastecimento com recepção ruidosa. Um retempero de forças para atacar a subida até ao refugio de Coda (919 D+). Senti-me muito bem nesta subida. Foi neste altura que por me sentir tão bem a subir, comecei a ter pensamentos muito positivos em relação ao desfecho da prova. Fiz várias ultrapassagens até chegar ao cimo. O objectivo era ganhar tempo na subida e dormir uma hora. Foi o que fiz logo que cheguei ao refugio de Coda.
Não chego a dormir uma hora, acordo naturalmente, levanto-me e depois de comer vou a nova etapa.
Agora é descer até ao lago Vargno. Depois de uma parte pedregosa, entramos numa zona florestada, e começamos a ver o lago azul ao fundo. Desço bem e vou passando alguns. Passo por um americano que estava a acordar da sesta à sombra de uma pedra. No abastecimento junto ao lago vejo o troço seguinte e verifico que temos subida a 2 colos e uma distância grande para Niel. No meio destas montanhas há 2 pontos de socorro. Parto novamente sozinho a caminho do col Marmontana, que alcanço com alguma facilidade. Lá do alto avisto o 1º ponto de socorro ao fundo. A descida é muito técnica, mas relativamente curta. Descida até ao posto de socorro que afinal também tem abastecimento.
Para este ponto foi transportado de heli, um abrigo tipo contentor. Três voluntários asseguravam este posto. Com a pouca lenha disponível fazia uma fogueira que aquecia a água para o chá. Daqui seguimos por um trilho técnico mas em cerca de 1 km quase plano, depois invertemos para a direita, num dos troços mais técnicos do percurso. Subida muito íngreme por cima de pedras, sem qualquer definição do trilho. Lá chegamos ao alto do col Crena du Ley, a paisagem do fim de tarde era soberba, mas o que se via do trilho de descida não era muito agradável. Muita pedra, forte declive e a noite a cair. Mas temos de seguir viagem. Mais uma paragem para beber aquela saborosa agua dos muitos riacho que correm da montanha – Estes abastecimentos de água natural permitiram-me fazer constantemente uma boa hidratação, raramente bebia água dos bidons.
A noite esta a cair. Paragem para preparar o frontal e vestir o corta-vento. Quando arranco, verifico que estava a menos de 200m de novo posto de socorro também com abastecimento. Faço uma pequena paragem e avanço com novo ânimo. O trilho continua muito técnico, mas bem definido. O 4kms da descida até Niel parecem-me uma eternidade. Chego a este ponto de controlo psicologicamente em baixo e tenho necessidade de telefonar para partilhar o estado de espírito. Peço para dormir uma hora. Sou levado para uma de duas tenda que estavam montadas ao lado da esplanada onde estava o abastecimento. Tinha acabado de me estender, cai uma mensagem no telefone. Ligo o frontal e leio a mensagens de parabéns por estar a subir na classificação. Depois de ler a mensagem, peguei na mochila e foi jantar e ver se alguém estava para sair, porque tinha prometido à São que não saia sozinho. Estava de saída um italiano da região que foi uma óptima companhia, obrigado Eliseo Lumignon. A subida de 800D+, em pouco mais de 3 km, fez-se quase sem dar por isso. A partir do col de Lazoney descíamos por uma pradaria sem trilho definido. Encontramos um elemento da organização a repor bandeirinha da balizagem. Pela conversa entre eles, tinha havido alguns problemas. Pouco descemos até Loo (200km), e daqui até Gressoney tínhamos de descer mais de 1000m. Saímos do abastecimento, e aí está uma descida. Os 1000D- foram feitos em menos de 3 km. Que descida!!
Chegamos ao alcatrão e foi seguir nas calmas até à base de vida onde chegamos pouco passava das 3H da manhã. Mais um banho reconfortante e muito importante, por a pomada para as hemorróidas para não acontecer como em Andorra, e dormir cerca de 2 horas - foi a única vez que dormi numa base de vida.
5ª Sector - Gressoney – Valtournenche ( 36km 2748D+ 2676D-)
Principais dificuldades: Col Pinter 2776 mts, Col de Nannaz 2770 mts, Col Fontaines 2695 mts
Saída da base de vida ainda com o frontal ligado(6h40), mas por pouco tempo. Inicio plano passando pelo centro da vila. À saída da vila encontro Alfio Rinaldo, um italiano que me vai acompanhar até ao Ref. Grand Tournalin, onde durmo 1 h, e com quem me vou cruzando quase até ao fim.
Tinhamos cerca de 1500 D+ pela frente, por isso iniciamos uma subida muito calma até ao refúgio de Alpenzu, novo abastecimento onde pedi um expresso duplo, que me caiu às mil maravilhas. Continuamos a nossa caminhada até ao col Pinter. A paisagem era fabulosa. Com o Monte Rosa (o mais alto de Itália) ali mesmo à nossa direita. Que lindo postal ilustrado. Chegados ao col, pequena paragem para a foto e ver a paisagem. O Colega de caminhada serve de guia e indica-me o percurso que se visualiza a partir dali.
Iniciamos a descida nas calmas, até ao Cuneaz, abastecimento onde podíamos pedir a comida que quiséssemos. Foi-me servido um prato de arroz super-energético, com azeite à mistura, mas que me soube muito, muito bem. Mais um expresso duplo e lá saímos os dois. Ainda nem 1 km tínhamos andado, já a indicação do caminho nos apontava para a entrada de edifício onde tínhamos de subir dois pisos. Ia ligeiramente adiantado em relação ao Alfio, e fico hesitante se devo subir. Vou subindo a medo, até que aparece alguém que confirma que é por ali. Era o ref. de Crest onde havia controlo. Feita a leitura do chip, saímos para o lado da frente que ficava ao nível desse 2º piso. Daqui até S. Jacques (7km) a única dificuldade era a descida final (cerca de 600D-). Nos primeiros kms decorriam por estradões sem grande história. Mais uma daquelas descidas psicologicamente desgastantes. A ver a povoação ali mesmos em baixo, mas nunca mais lá chegamos. Mas é preciso ter muita paciência e lá está o abastecimento e controlo. O italiano pára muito pouco tempo, e eu faço o mesmo. Foi só comer qualquer coisa e marchar atrás dele.
Temos 5km de subida para um desnível de mais 800D+ até ao ref Grand Tournalin. A meio da subida começo a pensar dormir no refugio. Digo ao italiano que vou mais depressa para ir dormir. Avanço muito rapidamente e ultrapasso mais 3 até lá acima, ganhando um avanço considerável. Chego e depois de beber uma coca cola vou dormir mais 1 hora. Quando acordo, apercebo-me que pouca gente passou. Depois de comer mais uma boa dose de queijo,e chouriço, e salada de fruta, ala que se faz tarde. Temos um col mesmo ali à mão. É só subir 250m. Col di Niara com 2770. Desciamos um pouco e a 1388m de distancia lá estava mais um Col dês Fontaines com 2695m.
A partir daqui era sempre a descer até à base de vida de Valtourneche. Verifico que, mesmo com a minha paragem de 1h o italiano só chega aqui 24min antes. Seria a única base de vida onde não tomo banho. Tenho cerca de 40 min de paragem para uma lavagem rápida, jantar e seguir para o refugio seguinte, onde queria chegar antes do anoitecer.
A partir daqui era sempre a descer até à base de vida de Valtourneche. Verifico que, mesmo com a minha paragem de 1h o italiano só chega aqui 24min antes. Seria a única base de vida onde não tomo banho. Tenho cerca de 40 min de paragem para uma lavagem rápida, jantar e seguir para o refugio seguinte, onde queria chegar antes do anoitecer.
Sector 6 Valtournenche – Ollomont 44,161km 3404D+ 3534D-
Principais dificuldades: Col della Fenetre d’Ersay 2293 mts, Colle de Fenetre du Tsan 2738 mts, Col Terray 2775 mts, Col Chalaby 2693 mts, Col de Vessonaz 2788 mts.
Um dos sectores mais dolorosos.
Em cerca de 4,4km tínhamos de descer e depois fazer uma forte subida de cerca de 750D+, até uma barragem lá bem no alto. Depois de contornar o paredão da barragem lá se avista o refugio. Como vinha sendo hábito nos último locais onde dormi, também aqui pela reacção dos voluntários, devo ter sido o 1º pedir para dormir. 1hora que em tempo dormido se resume a meia hora, visto que devido ao cansaço só adormecia um bom bocado depois de deitar. Quando estava num sono profundo, lá vinham acordar-me.
O percurso vai alternando entre estradão onde corria e desvios por atalhos mais técnicos. Ia muito bem neste momento, e fui ultrapassar mais alguns companheiros de aventura até ao abastecimento de Vareton. A partir daqui entramos na montanha pura e dura. Passamos por uma zona cercada com muita vacas em pastagem. Aqui as balizagem quase não existiam. Tinham sido comidas pelas vacas. De vez em quando encontrávamos uns vestígios do que tinha sido uma bandeira. O que nos valeu foi o trilho estar bem definido. Segui sem ver vivalma até ao bivacco Reboulaz. Aqui estavam 3 companheiros, entre os quais o francês já repetente Raymond (M60). Como conhecia as dificuldades que se avizinhavam disse-me que não queria seguir sozinho e prontifiquei-me a acompanhá-lo. Saiu um pouco antes para ganhar algum avanço, mas acabei por ultrapassá-lo sem me aperceber, tendo chegado a Cuney com quase 20 min de avanço.
Nesta fase passa-se algo estranho comigo. Arrastava a perna esquerda com uma dor aguda no gémeo que me impedia de fazer força. Os degraus fazia-os todos com a perna direita. Estava com fortes receios em relação à continuidade em prova. Ainda pondero descansar aqui em Cuney, mas tenho receio que com ao arrefecer não conseguisse continuar. Decido avançar até ao próximo apoio. Lá continuo pela madrugada só com a lua como companhia, sempre por trilhos muito técnicos e que exigem atenção máxima, e eu a mancar. Cada vez sentia mais a dor.
Quando entro no pequeno bivacco Clairmont verifico que ao lado do pequeno espaço que nos acolhe, havia outro compartimento com grandes ‘prateleiras’ que eram camas. Opto por descansar 1h. Ao acordar fico surpreendido. A dor na perna desapareceu. Estou safo. Então foi tomar o pequeno almoço e subir (quase de gatas) até ao col Vessona que estava mesmo ali ao lado. Ao chegar lá acima, deparo-me com uma das descidas mais perigosas de toda a corrida. Necessitava de espetar bem os bastões para não escorregar. A força de braços aqui era muito importante.
Depois da descido, novo prado e novamente a falta de bandeiras. Com a agravante de o trilho aqui estar mal definido. Depois de andar cerca de 15min para traz e para a frente, lá encontro uma seta do percurso e um pouco depois voltam as bandeiras.
Continuo a descida bastante longa, até cruzar o rio através de uma ponte construída numa garganta muito profunda e apertada, iniciávamos um ligeira subida que nos havia de levar ao abastecimento de Closé. Nesta subida reencontro o Alfio com outro italiano, e chegamos juntos ao controlo. Já lá estava o Francês M60.
Agora era vencer mais um col e depois entravamos na recta final. Saímos todos, mas ganhei avanço e cheguei lá a cima(1045D+) com alguma folga para a descida que era longa. Mais uma descida técnica mas agradável de fazer até ao abastecimento. A partir daqui a descida era por estradão muito inclinado. Em condições normais daria para correr, mas evitei fazê-lo porque tive receio dos kms que ainda faltavam e vinha a sentir umas dores no pé que não sabia bem o que era. Por isso quando cheguei cá abaixo fui alcançado pelo italiano.
Ultima base de vida, último banho, e a visualização da razão das dores no pé. Uma bolha na parte exterior do calcanhar. Fui fazer o tratamento da bolha e alimentação. Total de paragem 1H07.
7º sector – Ollomont – Courmayeur (49km 2905D+ 3104 D-)
Principais dificuldades são o Col Champillon 2709m, Col Malatra 2925m, e o forte calor que se fazia sentir à hora de saída de Ollomont.
Saída às 12h22, novamente sozinha.
Depois de subir os primeiros km no meio da floresta, numa zona bastante agradável, chegamos a uma grande pradaria, muito exposta ao sol intenso que se fazia sentir (muito perto dos 30ºC). Não havia os habituais ribeiros, que tanto jeito davam neste momento. Ainda paro numa vacaria a ver se encontro alguma torneira de água, mas nada. Vinha com pouca reserva de água e estava-me a assustar com o calor. Depois da subida calma, começo a avistar lá bem no alto o refugio Letey. Em 4 km temos um D+ 1037m, com muito calor e aqui sem sombra. Normalmente a seguir a um percurso destes, mais cansativo, penso em descansar um pouco, por isso, quando cheguei decidi de imediato dormir 1h para passar um pouco mais a hora de maior calor.
Acordo cheio de energia, e os quase 300m de desnível até ao col de Champillon, fizeram-se rapidamente.
Agora só faltava mais uma grande subida, mas na descida constato que a bolha no pé continuava a doer. Esta descida fazia-se por um trilho muito agradável até ao abastecimento de Ponteille Desort. Este é o meu último abastecimento mais completo e prolongado.
Agora só faltava mais uma grande subida, mas na descida constato que a bolha no pé continuava a doer. Esta descida fazia-se por um trilho muito agradável até ao abastecimento de Ponteille Desort. Este é o meu último abastecimento mais completo e prolongado.
O percurso até Bosses era muito corrível, mas a meu objectivo neste momento era chegar ao fim nas calmas, sem grande stress. Tinhamos uma ligeira subida em cerca de 1 km depois de atravessar uma ponte, e depois entravamos numa estrada relvadas,com cerca de 3-4km, totalmente plana, que seguia a curva de nível a cerca de 1900m de altitude. Em situação normal era para correr um pouco, mas faço tudo a andar. Depois começamos a descer para S. Rhemy, e aí já ‘corricava’ um pouco. Aqui, em zona já mais povoada os incentivos e aplausos vinham dos quintais, das varandas, das janelas das casas. Ninguém regateava um forte grito de “bravo”. Éramos mesmo ‘obrigados’ a correr. Dentro da povoação de Bosses, mais um abastecimento e controlo. Sento-me um pouco, ligo o telemóvel, leio algumas mensagens de incentivo, e por acaso acabo por não desligar o tlm como era hábito. Depois de um óptimo chá decido iniciar a caminhada para atacar a ultima grande subida. Ainda não tinha andado 1 km, toca o tlm. Era o Basso a ditar as suas ordens: “Jorge tens o 3º do teu escalão a cerca de 1h, por isso tens de arrancar que vais conseguir alcança-lo”. Eu respondo-lhe que não posso, que tenho uma bolha no pé e que me custa a descer. Resposta dela: “esquece a bolha, tens de ir”. Até ali vinha a andar e sem me aperceber, quando desliguei o telefone já ia a correr com toda a naturalidade, e nunca mais me lembrei da bolha. Muito rapidamente cheguei ao abastecimento de Merdeux que ficava a uns 7 km e com um desnível de 1000D+. Novo chá à mistura com queijo e chouriço e faltam só 400D+ para chegar lá acima. Esta subida, no seu final era bastante perigosa, segundo relatos de quem por lá passou de dia. Eu não me apercebi de nada, apenas cheguei às cordas e toca a trepar. Depois desci para Bonati sempre em bom andamento. Verifico posteriormente que entre Bosses e Bonati, tenho um dos melhores tempos (julgo que será o 3º melhor), e tive um inicio calmo, tanto a paragem em Bosses depois do controlo como no 1º km. Ia a subir cheio de força e pensava no percurso anterior que era tão bom para correr e fiz tudo a andar, e agora ali ia a trepar como se tivesse a começar uma corrida de 20km. Vá lá agente entender o nosso corpo, e as forças ocultas que guardamos.
Depois de muito corricar por aquele vale a baixo, com o imponente Monte Branco à nossa frente iluminado pela lua (parecia que estava mesmo ali), a ver se via alguma luz que me identificasse o Ref. Bonatti, encontro finalmente uma placa que indicava Bonatti a 5min. Finalmente estou próximo. Ando uns 10metros e o refugio estava mesmo ali não a 5, mas a pouco mais de 1 minuto. Reconheço logo o local (duas passagens no UTMB) e ao entrar cruzo com Alfio e mais 2 atletas que já estavam de saída. Não sabia se era o Alfio o meu ‘concorrente’ directo e isso também não era o mais importante. Entro, controlo o chip, bebo um copo de coca cola e saio de imediato para não me atrasar muito desse grupo. A saída é a descer aos zig-zags. Eles já lá vão a umas boas centenas de metros.
Novo telefonema do Pedro a fazer o ponto da situação. Ainda lhe disse que seria o Alfio, mas que ele descia muito bem, por isso ia fazer a minha corrida sem grandes preocupações. Tinha feito um esforço no sector anterior, por isso, decidi gerir com mais calma o esforço. Já conhecia o caminho, mas em sentido contrário. Pareceu-me que tinha muito mais subidas neste sentido. Cerca de 1km depois, havia um trilho em frente, nós tínhamos de voltar à esquerda (penso que foi aqui que o 1º se enganou). Sigo no trilho certo e vejo um frontal à frente, no trilho errada. Os que iam à frente já lhe tinha mandado sinais luminosos e ele já estava a voltar ao trilho certo. Continuo e ele vem a cerca de 100m, mas pouco tempo depois a distância vai aumentando até que o perdi de vista. Queria era chegar a Bertone, para começar a ver Courmayeur. Aí está ele. Paragem de não mais de 2-3 minutos para o controlo e um último copo de coca cola e vamos a isto que está quase.
Só faltam 4,2km e descer cerca de 1000m. Os dois primeiros kms são muito complicados de fazer, com a agravante da luz do frontal já estar a dar de si. Com o entusiasmo, ainda tive uma ameaça de queda muito feia, mas os bastões lá me salvaram de mais esta. Mas como o que é mau, felizmente também tem fim, lá acabei aquele maldito trilho e entro no estradão. Pouco depois vejo um frontal de frente e ao aproximar-me dispara um flash. Era o Pedro, que só reconheço porque falou. Lá paro e a partir daí fomos andando a por a conversa em dia. O Pedro recebe telefonema do Hugo Velez (grande fonte informação sobre o que se estava a passar). Ainda falamos um pouco e às tantas é o Pedro que diz depois de uns bons 10 minuto a andar: é melhor corrermos um pouco, para não correr o risco de sermos ultrapassados na ponta final. E o último km foi então a correr. E, não consigo descrever o que senti ao entra naquela passadeira e cortar a meta. Foi simplesmente ……..
Alguns dados:
• 333 km Non Stop por trilhos alpinos
• 24000 mts de desnível positivo
• Cotas dos 300 aos 3300 metros
• 7 bases de vida e 43 abastecimentos
• 500 inscritos
• 1300 voluntários
• 300 finishers
Os meus números:
• Descanso a tentar dormir: +-9H - 7horas(refúgios)+2h base de vida
• Outras paragens em abastecimentos e bases de vida: +- 20horas
• 5 banhos e mudas de roupa
• 1 par de sapatilhas Asics trabuco
• Bastões ‘Tor des Géants’ ( que se adaptaram às mil maravilhas)
• Consumo de abastecimento próprio: 3 geles, 1 barra e 4 H3O(Herbalife)
• 1 bolha no penúltimo sector.
• Perda de peso: 5 kg
• Custo da participação: cerca de 1000€.
• 110H40 de muito prazer.
• Classificação: 40º da Geral e 3º no escalão.
* * * * * 50 E S T R E L A S * * * * *
ResponderEliminarDepois de ler isto, já tenho o treino feito por hoje! ;) uffaaa
Grande Campeão!
Um abraço!
Até "me envergonho" de ter tido dores no domingo em Portel e de ter sofrido com o calor em apenas 2 horitas e um quarto.
ResponderEliminarFantástico mesmo.
Parabéns a todos e obrigado por partilhares a tua vivência connosco.
Votos de excelente recuperação e deixa lá o prazo de validade para os alimentos.
Sem dúvida um excelente relato.
ResponderEliminarQuase que senti como se lá estivesse contigo a palmilhar todos aqueles trilhos.
Parabéns... e boa recuperação!
Grande abraço.
Carlos Fonseca
Simplesmente fabuloso!
ResponderEliminarUma prova destas não é para qualquer um...
Parabéns!
E obrigado por partilhar connosco essa aventura de 110h!
E eu aqui a pensar que se calhar não devia ir à Meia da Moita, porque simplesmente uma Meia não é pêra doce e se calhar me vai ser penoso ... Depois de ler isto, a Meia da Moita é canja de galinha!
ResponderEliminarMuitos Parabéns Jorge Serrazina! E óptimo partilhar isto com a malta!
Até à próxima
Ana Pereira
Nem posso comentar!
ResponderEliminarPARABÉNS!
Acabei de ler depois a sugestão bo blogue do Pára Joaquim Adelino que Não Pára. Mas que aventura! Só posso dizer: Parabéns Jorge!
ResponderEliminarObrigado a todos pelos vossos simpáticos comentários. Dou-me muito gozo participar nesta aventura e fazer mais este esforço para a partilhar, foi reviver cada momento, e lembrar-me das sensações de cada imagem que me ficou gravada na mente. Não fiz nada que qualquer um não possa fazer um dia. Desde que a mente esteja preparada, o físico não será problema. Farei destas coisas enquanto me sentir bem e essa é a minha motivação.
ResponderEliminarAbsolutamente fantástico! Devorei cada palavra.
ResponderEliminarSão este relatos que nos fazem sonhar. Já o tinha ouvido na 1ª pessoa em Caminha, mas esta prosa acrescenta muito mais.
Muitos parabéns.
Estou estupefacto!!!
ResponderEliminarNem queria acreditar que se trata do Jorge Serrazina que conheço da Cooperativa da Benedita (passe a publicidade).
Para além do feito (fantástico) registo o relato pormenorizado, que não consegui parar de ler até ao final, de tão absorvente que é.
Muitos parabéns de quem vai ao café (a 300 metros de casa) de carro. Que vergonha! (mea culpa).
Um abraço do Mário Rodrigues da EST
Uma Grande aventura só altura dos super-homens..
ResponderEliminarparabéns pelo o enorme feito...
abc
afonso