E tudo começou em Novembro de 2013, quando por acaso me
cruzei no facebook com a 3ª edição do ETR.
Depois de já ter ultrapassado alguns desafios aqui pela Europa, este
teria um aliciante especial por decorrer junto do tecto do mundo com paisagens
e enquadramentos a que não estávamos habituados.
A ideia começou a crescer e claro que o repto lançado à
Célia teve resposta imediata. A família também rapidamente absorveu a ideia e a
decisão de fazer férias em Novembro foi tomada de imediato. Iniciados os
contactos com a organização e com a possibilidade de fazer o pagamento faseado,
tudo ficou mais fácil.
Mais tarde a Tânia, que estava a preparar a aventura ‘da
Benedita ao Caucaso em bike’, começa a alimentar a ideia de prolongar a viagem
até aos Himalaias. Foi assim possível ter toda a família nestas férias de
sonho. A organização tem um programa de caminhada guiada de 6 dias para
acompanhantes, no caminho principal do Everest.
Tinha um ano para ir preparando tudo. O calendário do
ano é elaborado em função deste objectivo. Como habitualmente os treinos longos
são feitos nas provas - Transvulcânia, S. Mamede, Volta à Cerdanya, Serra Nevada e Utax. A queda durante o UTAX e que me fez desistir, quase
comprometia o grande objectivo do ano. Mas os 65 kms de adaptação à mochila com
peso próximo do da prova, foi um óptimo teste.
Com tudo preparado para rumar ao Oriente, com o aliciante de
este representar o reencontro da família ao fim de cerca de 10 meses. Chega o dia e lá vamos
nós para muitas horas a voar e e espera em Madrid e Istambul, mas os
fins justificavam os sacrifícios.
Depois de uma noite a voar finalmente o avião desce em
katmandu pelas 6h da manhã. Formalidades habituais de emissão de vistos, que
por acaso correu muito bem e relativamente rápido, à saída do aeroporto tomamos
os primeiros contactos com o STAFF ETR e com os companheiros de aventura que,
embora viajando no mesmo avião, só aqui identificamos como participantes. Logo
ali antes de entrar no autocarro que nos levaria ao hotel, em sinal de boas
vindas, somos obsequiados com um grande e bem cheiroso colar de flores.
Saímos do aeroporto e entramos na grande confusão que é
Katmandu. Trânsito caótico, ruas poeirentas, motas aos milhares.
Chegados ao luxuoso hotel no centro de Katmandu, e que seria
a nossa base antes de depois da prova, temos o secretariado e pequeno almoço
montado nos jardins. É a primeira amostra da eficiência da organização. Tudo
estava muito bem preparado.
Aqui, para nós houve a emoção do reencontro com as filhotas
que já andavam por estas paragens à algum tempo. Como o dia era livre, saímos
pouco depois para o centro da confusão que é Katmandu. Transito em todas as
direcções, constantemente a apitar, ruas esburacadas a provocar uma poeira
inrespirável e que justifica a razão de ver tanta gente de máscara, e entrada
na zona comercial da cidade THAMEL. Aqui as ruas são um grande centro comercial
onde se vendem produtos para a montanha de todas as grandes marcas, mas
trata-se de cópias de muito baixa qualidade, na maioria dos casos. É necessário
ter cuidado, pois, embora sejam ruas estreitas, cheias de gente, continuam a
circular carros e principalmente muitas motos e triciclos. A sinfonia das
buzinas é uma constante.
Tivemos a sorte de as filhas já estarem na cidades à
alguns dias e já conhecerem os diversos locais onde comer, fazer compras e
visitar a cidade. Tivemos o primeiro contacto com a gastronomia numa das muitas
tascas da cidade, sentados no chão em cima de uma manta. Temos de nos adaptar – "em Roma, sê romano". Mais umas voltinhas pela cidade e regresso ao hotel para o
check-in. Depois de muito bem instalados, novo regresso a Thamel para jantar num
outro local já conhecido das filhas. Uma refeição por aqui custa entre 2 a 3€.
Estávamos a ficar ambientados à cidade.
Thamel |
2º dia – Visita guiada pela cidade – Saída de bus até ao templo dos macacos ou Swayambunath:
Os olhos do Buda contempla-nos do topo das stupas,
Swayambunath é o templo budista mais popular no Nepal e é também conhecido como
templo dos macacos. Temos que ter cuidado com eles são um pouco
atrevidos. Há belas vistas sobre o vale de Kathmandu.
Este é um dos templos budistas de visita obrigatória na
cidade, por várias motivos: é um belo templo, inserido numa zona ajardinada e com boas vistas sobre a cidade.Temos de ter cuidado ao subir as
escadas que levam à entrada, já que os macacos não param de correr, gritar e
lutarem, mas é um encanto vê-los nas mais diversas poses.
É um privilégio visitar Swayambhunath. Está localizado no topo
de uma colina de onde muito do vale de Kathmandu é visível. Para aceder ao
complexo há duas maneiras distintas. A primeira opção é subir 365 degraus. Mas nós
subimos de bus. É um ícone da cultura
do Nepal, os olhos pintados inconfundíveis de Buda. É o segundo lugar mais
sagrado para os budistas do Nepal. Aqui podemos
encontrar uma variedade de santuários e templos, incluindo um mosteiro
tibetano, museu e biblioteca. Em suma, um lugar muito agradável para passar a
manhã. Cheio de vida, com vistas espectaculares, lembranças e artesanato. E,
claro, um monte de espiritualidade.
A praça Durbar é, sem dúvida, o lugar mais importante na
capital do Nepal. Este é o epicentro desta cidade caótica, mas encantadora. É um lugar perfeito para fazer visitas interessantes. O lugar é cheio de
prédios antigos muito característicos da arquitetura nepalesa. Sublinhar o palácio
dedicado ao deus-macaco Hanuman. A estátua de Hanuman rostos pintados de
vermelho. Na Praça Durbar Kathmandu, podemos ver o Templo de Taleju,
Templo de Jagannath, Kal Bhairav, a estátua de D. Pratap Malla, o
Kasthamandap o Nautale ou Kumari Ghar. O ambiente que prevalece é
impressionante. Ásia na sua forma mais pura. Ainda tivemos oportunidade de ver
a única deusa viva – uma história impressionante para nós.
Terminada a visita à praça, caminhamos até Thamel, centro da cidade onde almoçamos em mais um dos característicos restaurantes
desta zona.
De regresso ao hotel. onde se iniciava o programa oficial de controle médico e de material para a corrida.
De regresso ao hotel. onde se iniciava o programa oficial de controle médico e de material para a corrida.
O que era exigido:
1.
Controlo médico com electrocardiograma e
atestado de médico
2.
Controlo de material – material obrigatório +
todo o material necessário para conforto nas noites frias da montanha. Como
estava com medo do frio, não facilitei e apresentei-me com uma das mochilas
mais pesadas. 7,25kg sem água o que originava cerca de 8kg a transportar nos
próximos 6 dias. As mochilas foram pesadas e tínhamos de chegar ao fim com o
mesmo peso.
Seguiu-se
o briefing, com todas as recomendações necessárias e para a corrida e discurso
do ministro do turismo do Nepal. O dia D estava a chegar.
DIA
0:
Saída
logo pela manhã em mini bus para aquele que seria a mais cansativa etapa. Cerca
de 8 horas até chegar ao acampamento em Jiri. Circulando por estradas estreitas
de montanha com paragem para pic-nic numa pequena aldeia a cerca de 3000 m de
altitude, com vista para o Anapurna. Não havia pontes, na zona das linhas de
água a estrada descia e voltava a subir. Finalmente vislumbramos ao longe as
tendas que seria o nosso hotel nos próximos dias. As carrinhas deixaram-nos a
cerca de 500 m e tínhamos de seguir por estreito carreiro até ao acampamento.
Depois da distribuição das tendas e de prepararmos as ‘camas’, uma voltinha até
à aldeia e regresso já ao lusco-fusco, para o primeiro jantar na
tenda-restaurante.
O hotel português |
Dormir
bem cedinho, que o dia estava a chegar.
DIA
1: I ETAPA - JIRI - Bhandar
6:00
– despertar à porta da tenda com um chá bem quentinho (cena que se iria repetir
todos os dias de acampamento).
Pequeno
almoço muito bem servido no nosso ‘restaurante’.
Recolha
de água e alimentação (3 géis e duas barras com o nosso nº de dorsal)
Jornalistas
de rádios e tv apareceram vindos não sei de onde.
Briefing
com informações sobre a etapa.
E…
9:00 ai está: partida!
Nesta
1ª etapa de cerca de 21,5 km tínhamos um acumulado de 3795.
Era
uma etapa da amostra do que nos esperava nos próximos 6 dias.
Começamos
por subir um pouco por um estreito carreiro até à aldeia de Jiri, atravessando
depois todas a aldeia sobre o olhar dos locais. Saio num ritmo confortável
porque se adivinhavam dificuldades. Inicio a primeira subida mais ou menos a
meio do pelotão.
Vamos
cruzando com muitos miúdo, geralmente bem vestidos que se deslocam das
montanhas para a escola por caminhos poeirentos e pedregosos.
Na
subida ultrapasso vários atletas entro os quais a Lama Sherpa, o catalão Enric e o
australiano.
Uma
primeira hesitação no caminho a seguir que depressa se esclareceu e de onde
saio com o australiano e o catalão, que entretanto ganham avanço no que restava
da subida até às antenas. Inicia-se a primeira descida e em cerca de 4 km vamos
baixar mais de 600 m até à Aldeia de Shivalaya.
Pouco antes de chegar lá abaixo, passa por mim a grande velocidade a nepalesa Lama Sherpa, que demonstrava grande facilidade nas descidas técnica. Vou tentando não perder terreno para ela e ainda antes de entrar na primeira ponte suspensa, que nos levava à aldeia, passo para a frente. Nas subidas ela estava nitidamente mais fraca e aproximava-se uma subida de cerca de 1000 m de desnível nos próximos 6 km.
Pouco antes de chegar lá abaixo, passa por mim a grande velocidade a nepalesa Lama Sherpa, que demonstrava grande facilidade nas descidas técnica. Vou tentando não perder terreno para ela e ainda antes de entrar na primeira ponte suspensa, que nos levava à aldeia, passo para a frente. Nas subidas ela estava nitidamente mais fraca e aproximava-se uma subida de cerca de 1000 m de desnível nos próximos 6 km.
Inclinação
tremenda e com algumas partes em escadaria irregular. Depois de subir cerca de 1
km, somos enganado pela marcação desviando por um trilho que iria levar a uma
outra aldeia. Saio por esse trilho e deixo de ver marcações, mas não havia
alternativas. Vou andando, mas
com muitas dúvidas até que vejo
virem em sentido contrario o Catalão e o Australiano com um sherpa na frente. As marcações eram feitas com tinta biodegradável e esta estava numa
pedra pequena que foi deslocada levando-nos ao engano.
Quando voltamos ao trilho vinha a
passar aquela que iria ser a minha companheira de algumas jornadas, a inglesa
Kerry. Seguimos os 4 até ao CP2, voltamos a ter uma saída do trilho, mas que se
compôs sem perdas. A subida acentuou-se e grupo partiu-se tendo seguido na
frente eu e a Kerry e assim chegamos ao CP3. Mais um gel, água e um caldo.
Agora são 4 km a descer até à meta.
Arranco
na frente, mas depressa verifico que Kerry desce muito bem. A descida era
bastante técnica e acentuada nos primeiros 2 km. Tento não descolar da Kerry.
Passamos por várias aldeias e por um mosteiro Budista. Aqui dava para correr
visto que o piso era bom e a descida pouco acentuada. Depressa começamos a ver
as tendas e a meta em Bhandar. Estava feita a primeira etapa depois de 3h36m.
Chegamos em 6º e 7º visto que houve muitos desvios de percurso de outros
atletas.
Depois de descansar um pouco e lanchar (fomos tão bem tratados, que julgo que ganhei peso durante estes 6 dias), fui fazer o reconhecimento da aldeia. Os povoados por aqui são bastante dispersos vendo-se casas a salpicar a paisagem até grande altitude, mas Bhandar tem uma rua ladeada por cerca de uma dezena de casas com muito bom aspecto e pintadas com tons azuis. Trata-se de uma região em que a agrícultura tem bastante importância nos rendimentos. Com tão poucas casas, mas lá estava a escola com dezenas de crianças, geralmente muito bem vestidas e limpas e com ar extremamente simpático. Gostavam muito que lhe tirassemos fotos para se verem dentro da máquina.
Decido ir ao encontro da Célia e por coincidência deparo-me com uma festa (tipo procissão) no templo budista muito participada, o que indicia o enorme povoamento destas montanhas.
Aqui a Célia com adolescentes. |
Festa budista |
DIA 2 – II Etapa - Bhandar - Jase Bhanjyang
Esperava-nos
o dia mais complicado de toda a corrida. A etapa não era muito longa, mas o seu
perfil de altimetria era assustador, agravado pela subida acima dos 4000 m.
Saímos
do acampamento atravessando a pequena aldeia de Bhandar e iniciando uma descida
de cerca de 500 m de desnível em menos de 3 km. No inicio ainda acompanhei os primeiros, mas
depressa se puseram a léguas. A meio desta descida segui (com mais 4) por um
caminho errado, fazendo uma subida, que fez com que ficássemos no fim do grupo
quando voltamos ao trilho. Chegados a uma aldeia e depois de algumas
hesitações, lá encontramos o trilho que nos levaria a uma grande ponte suspensa
que dava o mote para a subida das subidas.
Logo
que iniciamos a subida, começo a ganhar algum metros e embora não progredindo
de forma rápida, com um ritmo constante começamos a ultrapassar alguns atletas
dos últimos 10 da etapa anterior que tinha partido uma hora antes. Passo pela
americana e pouco depois pela Célia que vai progredindo bem. Pouco tempo depois
chegamos ao CP1. A alimentação habitual: 1 gel, cerca de ½ litro de água.
Aproveito a paragem para fixar a bandeira na mochila, que tinha caído na descida
inicial. Com esta paragem um pouco mais longa, volto a sair atrás do Enric e da Kerry,
mas depressa os vou ultrapassar. Continuamos sempre a subir passando por uma
pequena aldeia e 400 m mais acima lá encontramos a aldeia de Golla a 3000 m de altitude. Temos agora cerca
de 500 m planos até ao CP2, abastecimento de líquidos e sólidos. A propósito de abastecimento,
cada atleta tinha tudo a que tinha direito devidamente separado em pacotinhos
identificados com o seu nº de dorsal. Normalmente havia frutos secos e pequena
rodelas de chouriço. A garrafa de 1 litro de água também devidamente numerada e
sopa(caldo).
Normalmente
metia um gel, uma sopa e água.
Estávamos
a 3000 m e estávamos a entrar na zona desconhecida para a maioria de nós acima
dos 3000 m. Como iriamos reagir.
Depois
de abastecer volto a saír sozinho. Tinhamos ainda cerca de 1,5 km planos, como
que para ganhar embalagem para atacar a grande subida.
Inicio
a subida que nesta fase não é muito acentuada, ultrapasso um atleta dos que
partiram 1 hora antes. Depois de subir cerca de 400 m encontramos dois
controladores que nos questionam se estamos bem. Aqui havia hipótese de um percurso alternativo (com penalização de 90 min). Quem estivesse a sofrer com a altitude, podia tomar essa opção.
Estávamos
a passar os 3500 m de altitude, faltava só vencer um desnível de cerca de 600 m
para chegar lá acima. Lá fui subindo, mas foi a minha pior fase em toda a
corrida. Começamos a encontrar neve gelada, muito escorregadia, e todo o cuidado
era pouco. Fiz uma pequena paragem para tomar um gel e beber um pouco de água
(foi a única vez que bebi da água que transportava). Retomo a marcha e pouco
depois vejo o colega das Canárias, José Delgado, sentado no chão. Pergunto-lhe
se estava tudo bem, disse-me que sim só não tinha água. Parei para lhe dar água
e continuei sem me aperceber que ele estava um pouco pior do que parecia. Foi
muito afectado pela altitude e teve alguma dificuldade em chegar lá acima.
Saímos da zona de floresta e entramos numa zona mais despida de vegetação.
Começamos a ver as bandeirolas até lá bem no alto a cerca de 1 km de distância,
com um desnível pouco acentuado que se ia agravando na parte final, com
vento lateral muito frio. Mas a paisagem é fabulosa.
No ponto mais alto(4070) |
Quase
a chegar lá acima aparecem os fotógrafos e finalmente o ponto mais alto. A
vista é espectacular. Vê-se toda aquela cordilheira de montanhas brancas com o
Everest à vista.
Paragem
no CP3 para o gel, a água e o caldo e… uma foto para mais tarde recordar.
Se
estamos lá em cima, temos de descer. Vamos descendo inicialmente pela crista da
montanha. O vento soprava forte e frio do lado esquerdo e por isso desci um
pouco abaixo da crista para o evitar.
Pouco
depois iniciamos uma descida muito técnica que nos levava a perder cerca de 700
m de altitude em cerca de 2 km. Vou descendo com calma até que, já próximo do
fim da descida começo a ouvir o barulho
de bastões atrás de mim. Olho para trás e lá estava a inglesa Kerry. Desce
realmente bem. Durante toda esta descida, vemos o acampamento e a meta mesmo
ali do outro lado, mas depois da descida ainda temos de subir quase 200m.
Atravessamos
uma pequena aldeia e agora é só subir. Consigo afastar-me um pouco da Kerry, mas
a cerca de 100m da meta desvio por um pequeno carreiro que não tinha saída.
Volto par trás e ainda entro à frente da ela, e mais uma vez entramos na meta
quase em simultâneo.
Estava
feita a etapa mais difícil e demorada. 6h10 para fazer 24 km. Lá está ao fundo o ponto mais alto |
DIA 3 – III ETAPA - Jase Bhanjyang - Kharikhola
Ao
3º dia esperava-nos a etapa mais longa com descidas sem fim à vista.
Estava
um frio de rachar e para o briefing habitual antes da partida, tivemos de nos
aconchegar bem uns aos outros, para nos protegermos do frio. A etapa começa a
subir um pouco. Como saí com casaco vestido, tive de parar pouco tempo de pois
porque o calor chegou, e por isso fiquei sozinho com o Sherpa que fazia de
vassoura. Ainda consigo chegar-me aos últimos e começar a ultrapassar antes de iniciar
a descida.
Anna e José, grandes companheiros |
Na
subida depois do CP2 (cerca de 500 m de desnível), o percurso fica mais
animado. Começamos a cruzar com os primeiros ‘comboios’ de burros e
carregadores. A subida faz-se por uma espécie de cópia de baixa qualidade de estrada romana onde as pedras
eram bastante irregulares.
Lá no cimo, em Tacsindu passamos um pórtico e iniciamos uma das mais longas descidas. Baixamos mais de 1500m em cerca de cerca de 9 km por caminhos complicados, com muita pedra e pisando muitos dejectos de burro e yaque. Um autêntico parte pernas. Mantemo-nos os 3 juntos, embora a certa altura eu tenha descolado um pouco, mas depois arranjei forças para recolar. É daquelas descidas que parece não ter fim. O José às vezes avançava um pouco e depois abrandava. Passamos a Montse Pereira, atleta das Canárias, que tinha partido uma hora antes, mas tinha caído e mesmo assim ía bastante bem.
Lá no cimo, em Tacsindu passamos um pórtico e iniciamos uma das mais longas descidas. Baixamos mais de 1500m em cerca de cerca de 9 km por caminhos complicados, com muita pedra e pisando muitos dejectos de burro e yaque. Um autêntico parte pernas. Mantemo-nos os 3 juntos, embora a certa altura eu tenha descolado um pouco, mas depois arranjei forças para recolar. É daquelas descidas que parece não ter fim. O José às vezes avançava um pouco e depois abrandava. Passamos a Montse Pereira, atleta das Canárias, que tinha partido uma hora antes, mas tinha caído e mesmo assim ía bastante bem.
Chegamos
ao CP3 juntos, depois do abastecimento habitual (gel+sopa+água), uma foto dos 3
e toca a marchar que ainda temos muito para descer e voltar a subir para este
nível do outro lado do vale. Vou-me conseguindo manter ‘na roda’ dos
companheiros de jornada, mas já estávamos saturados de tanta descida. A chegar
quase ao fim da descida tive a minha única queda em 6 dias, mas felizmente sem
consequências.
Chegamos
finalmente a uma aldeia junto ao rio. Aqui, se fosse sozinho, tinha ido à tasca
beber uma s. Miguel, mas não podia perder o comboio. Tinhamos a ponte para
atravessar, mas em sentido contrário vinha um comboio de burros. Paragem forçada
descansar e que bem que soube. É que a seguir temos mais de 500 m de desnível
para subir.
Escadas sem fim |
Depois
chega a subida. As forças já eram muito poucas. As descidas longas matam. Tento
aguentar o mais possível o andamento dos companheiros, mas começo a ceder. Não
dava mais. Ponho o meu ritmo de subida mais confortável e começo a ver as
bandeiras lá mesmo no ponto mais alto. Temos escadas e mais escadas, mas o pior
ainda estava para aparecer. A escadaria final era extremamente empinada. Não
olho para cima para não me assustar. Sigo degrau a degrau até começar a ouvir
as palmas. Aí já só faltavam cerca de 20 m. Está feito. Corto a meta, respiro
um pouco, e diz-me o Jordi que ainda tinha mais escada para subir até às
tendas. Olho para cima e lá estavam elas. Localização fantástica no átrio de um
mosteiro budista. Que vistas deslumbrantes. Perdi cerca de 3 min para a Anna e
José.
Chegamos Kharikhola, no coração dos Himalaias, e meio da corrida. O templo budista onde está montado o acampamento é muito agradável. Pela tarde entramos e assistimos às rezas dos miúdos (pequenos monges budistas). Respirava-se espiritualidade.
Estava um ambiente óptimo para relaxar depois de tão dura etapa. O ambiente que se criava entre os participantes, depois de terminadas as etapas era excepcional, e ainda deu para descer a escadaria e beber uma cerveja na explanada de um lodge.
Companhia 5 estrelas. |
Chegamos Kharikhola, no coração dos Himalaias, e meio da corrida. O templo budista onde está montado o acampamento é muito agradável. Pela tarde entramos e assistimos às rezas dos miúdos (pequenos monges budistas). Respirava-se espiritualidade.
Estava um ambiente óptimo para relaxar depois de tão dura etapa. O ambiente que se criava entre os participantes, depois de terminadas as etapas era excepcional, e ainda deu para descer a escadaria e beber uma cerveja na explanada de um lodge.
DIA 4 – IV ETAPA - Kharikhola - Phakding
4º
dia nas montanhas, hoje é o dia do reencontro com a família que anda na caminhada. Estou desde o inicio sem qualquer noticia delas. Parti com boas
sensações. Já que ontem tivemos de subir, hoje iniciamos a descer durante pouco
mais de 1 km. Partida rápida, mas tínhamos já ali o travão, a subida era bem
durinha, até ao CP1. Mais uma vez consegui alguma vantagem na subida em
relação ao pessoal do meu campeonato. Ultrapassei a Célia ainda antes do CP1 e
a Mª do Céu estava já no abastecimento. As formalidades do costume e agora
tínhamos uma parte plana seguida de descida muito técnica. Neste troço lembrei-me
muitas vezes da Freita. Este ainda consegue ser pior e isto é caminho usado
pelos locais para ir até Lukla, única porta de saída destas montanhas. Aqui
encontrávamos muitos ‘comboios’ de burros com as mais diversas cargas
(combustível, cereais, materiais de construção,…) que abasteciam em Lukla, no
avião e transportavam até à aldeias mais remotas da montanha. Por vezes
encontrávamos vestígios de bidons de combustível derramado no chão.
Parar que vem burros.. |
Bem
tenho de ir mais depressa senão sou ultrapassado. Consigo ganhar algum avanço
nas zonas mais técnica, talvez uns 100m, quando ouço um grande grito e de
imediato choro, volto para trás para ver o que se passava, verifico que a Kerry
fez uma entorse e o pé começou logo a inchar. Tento ver o que podia fazer, mas
ela só grita "go, go" isto é uma corrida.
Depois de alguma hesitação, decidi seguir para avisar no CP2 que se situava a cerca de 2 km e 400 m abaixo. Vou com calma porque aquela situação impressionou-me, até que chego finalmente ao CP2. Aviso de imediato que a Kerry estava mal a que provavelmente não conseguia descer. Ainda não tinha acabado de falar, olhamos e lá vinha a Kerry a chegar com o pé bastante inchado. É na realidade forte esta Kerry. Espero um pouco e seguimos juntos até ao fim. Por vezes soltava um grito de dor, mas não cedia.
Depois de alguma hesitação, decidi seguir para avisar no CP2 que se situava a cerca de 2 km e 400 m abaixo. Vou com calma porque aquela situação impressionou-me, até que chego finalmente ao CP2. Aviso de imediato que a Kerry estava mal a que provavelmente não conseguia descer. Ainda não tinha acabado de falar, olhamos e lá vinha a Kerry a chegar com o pé bastante inchado. É na realidade forte esta Kerry. Espero um pouco e seguimos juntos até ao fim. Por vezes soltava um grito de dor, mas não cedia.
Com
a entrada no caminho principal Lukla-Everest, tivemos de começar a fazer
gincana para cruzar e ultrapassar os transportadores, yaques e burros. Estava
em hora de ponta. Faltavam só 6 km depois do CP3 e a pouco e pouco lá nos fomos
aproximando. A expectativa aumentava, porque esta chegada era muito especial. A
todo o momento esperávamos ver o acampamento, que nunca mais aparecia. Já
estávamos a sair da aldeia onde supostamente seria a chegada e do outro lado da
ponte, lá estava o pórtico da meta, mas tendas nada.
Iniciamos
a travessia da ponte e vejo lá no fim as minhas fãs, dou um beijo à São e
avançamos para a meta de mãos dadas com a Kerry, bastante emocionada com esta
chegada, depois de tudo o que se tinha passado. Chegada inesquecível. Trail é
isto, camaradagem, interajuda, emoção, é por isso que gosto disto(trail).
Chegada da Célia - IV etapa |
Tarde/noite passada com a família, com caminhada até Phakding para esperar a Célia e jantar/serão em conjunto. Serviu para por a conversa em dia, depois de 5 dias de separação e aventura.
DIA 5 – V ETAPA
Havia
alguma expectativa, visto que nestas duas últimas etapas não existiam
marcações. Tinhamos de seguir o caminho principal Lukla – Everest. Por outro
lado iriamos fazer um percurso bem movimentado o que nos dará uma pica
especial, já experimentada na parte final da etapa anterior. Os primeiros kms não
tinham dificuldades de maior. Seguimos o vale de um ou outro lado do rio,
fazendo as travessias pelas pontes suspensas por cordas. Por volta do 5 km entravamos no
parque nacional SAGARMATHA. Nós, com o dorsal, tínhamos carta verde para entrar.
Partida V etapa |
Embora
passasse a correr(pouco), Namche Bazar pareceu-me uma terra interessante e com muito comercio, pela
amostra da rua que atravessamos. É dos principais centros de comercio sherpa.
Quase
no fim da povoação estava o CP1. Gel+água e vamos andando. Tinhamos agora um
percurso relativamente fácil para correr, mas a vontade não era muita. As
vistas eram cada vez mais deslumbrantes. Avistavamos lá em baixo a ponte
Hillary que atravessamos à pouco, à nossa direita tinhamos uma cordilheira de picos cobertos de neve. Entretanto iniciamos a descida não muito
longa, mas acentuada. Vou devagar e sou ultrapassado pelo Enric. Tento seguir
com ele, mas vai forte e ganha alguns metros. Ao chegar à ponte fomos
‘travados’ por um comboio de Yaques. Aproveitamos para meter um gel, visto que
já se avistavamos o abastecimento do outro lado da ponte. Uma ligeira paragem no
CP2 e… agora é sempre a subir. O Enric saiu à frente, mas esse avanço não durou
muito tempo. Sentia-me com força, e por isso segui sempre a um bom ritmo. Eram
cerca de 2 km para um desnível de cerca de 500 m.
DIA 6 – VI ETAPA – Tyangboche-Lukla
Entramos para a bonita sala de
jantar, e somos surpreendidos pela entrada de convidados acompanhados de soldados
com metralhadoras. Só depois soubemos que se tratava do 1º ministro do Nepal
que veio participar na festa, contar a sua história de aventuras na montanha e entregar os prémios.
Cerimónia bonita com direito a espetaculo de danças nepalesa onde tudo estava
muito bem preparado. Foi bonito.
Considerações finais:
6.
Melhor era impossível!!
http://oesteglobal.com/Jorge_Serrazina_vai_de_obidos_para_o_teto_do_Mundo
http://www.regiaodecister.pt/pt/noticias/jorge-serrazina-7o-no-everest-trail-race
Finalmente um agradecimento muito especial aos amigos que me deram força com o seu apoio ao longo da prova e à chegada à Salgueirinha com aquela recepção a surpresa.
Reportagem na TVE:
http://www.rtve.es/m/alacarta/videos/evasion/?media=tve
Chegou o grande dia – última etapa.
Respirava-se à partida um ambiente de festa. Estavamos a menos de 30 km de
acabar esta empreitada. A etapa não se afigurava com um grau de dificuldade
elevado. Apenas uma subida para vencer um desnivel de cerca de 500m e altidtude
de 3800m. Mas primeiro tinhamos a
descida feita no dia anterior a subir. Baixar 500m. O pessoal começou todo
muito forte. Tentei ir na roda. Demoramos cerca de 20 minutos a descer. Estava
muito frio e havia gelo no percurso. Todo o cuidado era pouco.
Agora era hora de atacar a
última grande subida da prova até à bonita aldeia de Khumjung, mas como gosto
de provas que tenham os últimos kms a descer, sabia que se chegasse lá acima
com alguma reserva de energia, depois eram 20km ao meu gosto.
Comei a subir forte,
ultrapassando a Anna e o Marc, que por brincadeira disse que era menos de um
hora que tinha de vantagem. Entretanto
passa por mim muito forte o José Delgado, que estava a apenas 3 minutos. Ganha
rápidamente algum avanço. Sobe muito bem. Embora nestas provas a classificação
não seja o mais importante, mentiria se dissesse que não havia alguma
adrenalina associada à tabela classificativa.
Nesta fase pensei que nunca
mais o apanhava e psicologicamente fiquei conformado com o 8º lugar.
Cheguei ao CP1 em Khumjung
(3800m), meti uma sopa e gel e chega o Marc e Anna. Saimos juntos por um
caminho que ladeia a escola. Ainda tinhamos uma grande escadaria que nos levava
ao ponto mais alto da Etapa. Aqui tinhamos das vistas mais deslumbrantes. Paro
para tirar fotos e perco o contacto com os companheiro de aventura.
última foto do Everest |
Descida técnica até à pista de
aviação de Shyangboche que tinhamos de cruzar e tento recuperar o tempo perdido.
Consigo recolar-me no inicio da forte descida para Namche Bazar. Ponho-me atrás
na Anna e fazemos os 3 uma descida espectacular a grande velocidade zigzaguiando
por entre as muitos dezenas de caminheiros que povoavam o trilho. Quando
chegamos à povoação pensei que tinha estragado tudo, tinha abusado na descida
ao tentar acompanhar a grande campeã espanhola. Tento recuperar nesta zona mais
plana, visto que a seguir tínhamos repetição de dose. Ainda inicio a nova
descida atrás da Anna, mas depressa deixo de a ver. Juizinho nessa cabeça senão
não aguentas até à meta, pensei eu. O Marc tinha ficada um pouco para trás. Lá
segui ao meu ritmo, pensando que só a iria encontrar na meta, mas no fim da
descida tinhas a ponte Hillary, que estava congestionada de transito de yaques
em sentido inverso, e lá estava a Anna e o José. Que bem que soube este
descanso forçado depois de toda aquela descida de quase 1000 m de desnivel.
Agora éramos 4 a caminho da
meta. Mantive-me atrás a tentar aguentar o ritmo . Por vezes lá encontrávamos
mais uma ponte congestionada, aproveitando para descansar.
Na escadaria a subir para a
saída do parque nacional, senti-me com força e vou para a frente do grupo.
Pouco a pouco vou ganhando alguma vantagem, tendo chega ao CP2 com uns minutos
de avanço. Quando eles chegam já estou de saída. Decido avançar porque pensava
que não tinha andamento para eles na parte final.
Os sentimentos a partir daqui
são espectaculares. Sinto-me com força e vou a bom ritmo até que cerca de 2 km
depois, num cruzamento, uma distracção fatal fez-me entrar no trilho errado.
Começo a subir e cruzo com duas pessoas que me perguntam se vou para Lukla, eu
respondi que sim e elas disseram mais qualquer coisa que não entendi. Depois
percebi que tentaram avisar-me que estava errado. Continuo a subir, já
com muita duvidas na cabeça porque ao contrário do caminho principal, aqui não
encontrava ninguém. Por sorte mais à frente encontro uma senhora que me indica
que vou errado. A minha sorte é que tinha subido, por isso agora, até encontrar
o trilho era sempre a descer. Verifiquei depois no registo gps que perdi cerca
de 6 minutos. Regressado ao bom caminho, pensei que os companheiros já tinham
passado, por isso tentei recuperar o tempo perdido. Só no CP3 soube que seguia
em 5º e que eles estavam para trás. Faltavam cerca de 3,5 km , a adrenalina sobe
ainda mais por saber a posição. Temos duas subidas pequenas e Lukla à vista. O avistar
os fotógrafos indiciava meta à vista, eram só mais umas escadas e começo a
ouvir gritar pelo meu nome. Os sentimentos nestas situações são indescritíveis,
principalmente quando toda a família está ali a apoiar.
Ainda era cedo, tinhamos a tarde toda para descansar, desfrutar desta bonita aldeia, ver a perícia dos pilotos dos aviões e helis a aterrar e descolar do aeroporto mais incrível que vi até hoje.
Finalmente muito bem instalado com a São no quarto Everest do hotel com um banho bem quente.
Fomos esperar a Célia e ver o fecho da corrida, e agora era esperar o dia seguinte para regressar a Katmandu.
Aqui nunca se sabe a que horas voamos. Vamos para o aeroporto à 8H00 e temos de esperar sem nada saber. Tivemos sorte de sair no 1º voo por volta da 2 da tarde. Tinhamos 4 voos e o último, depois de um dia de espera, foi adiado para o dia seguinte.
CHEGADA.... |
Ainda era cedo, tinhamos a tarde toda para descansar, desfrutar desta bonita aldeia, ver a perícia dos pilotos dos aviões e helis a aterrar e descolar do aeroporto mais incrível que vi até hoje.
Finalmente muito bem instalado com a São no quarto Everest do hotel com um banho bem quente.
Fomos esperar a Célia e ver o fecho da corrida, e agora era esperar o dia seguinte para regressar a Katmandu.
Aqui nunca se sabe a que horas voamos. Vamos para o aeroporto à 8H00 e temos de esperar sem nada saber. Tivemos sorte de sair no 1º voo por volta da 2 da tarde. Tinhamos 4 voos e o último, depois de um dia de espera, foi adiado para o dia seguinte.
FIM DE FESTA
De regresso a Katmandu,
tinhamos programa livre até ao jantar do dia seguinte. Aproveitamos para fazer
compras e dar as últimas voltas pela cidade, antes de regressar ao hotel para a
festa.
M50 |
2.
A melhor relação qualidade/preço em tudo onde participei.
3.
Não consigo descobrir qualquer falha ou ponto negativa na organização.
4.
Muito satisfeito com as sensações ao logo das etapas e com o resultado.
5.
Ambiente entre os participantes verdadeiramente excepcional.
Com Célia e Nepaleses |
Alguns
dados de interesse:
1.
Custo da inscrição com voo a partir de Madrid: 2850€ (regime de tudo
incluído excepto os dias livres em Katmandu).
3.
Classificações nas etapas(geral): 2 etapas em 7ª; 3 etapas em 8º; 1 etapa
em 5º
4.
Classificação M50: 6 etapas em 1º
5.
Tempo total: 28H55, a 8H16 do primeiro.
6.
Vantagem para o 2º M50: 5H56
Região de Leiria |
Para grande surpresa minha, as noticias do ETR surgiram na imprensa regional (o que fazem as redes sociais). Obrigado a todos os que se interessaram por este desporto.
Região de Leiria |
O Alcoa |
http://www.regiaodecister.pt/pt/noticias/jorge-serrazina-7o-no-everest-trail-race
Reportagem na TVE:
http://www.rtve.es/m/alacarta/videos/evasion/?media=tve
Parabéns! O Senhor é um "monstro" (no bom sentido, claro!) do trail português. Foi uma das primeiras pessoas que me inspirou no mundo do trail. Que dignissímo representante do trail português!
ResponderEliminarParabéns. Apesar de terem passado dois anos,o exemplo a seguir continua a ecoar. Abraço
ResponderEliminarEste comentário foi removido pelo autor.
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ResponderEliminarParabéns.Apesar de terem passado dois anos, é um dos exemplos que continua a ecoar. Paulo Libânio
ResponderEliminarParabéns.Apesar de terem passado dois anos, é um dos exemplos que continua a ecoar. Paulo Libânio
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