DIA 9
SECTOR III
·
Com
260 km
·
7
pontos de controle (CP)
·
Trilhos
muito técnicos
·
Desnível:
20000 m D+, 19000 D-
·
Temperaturas
máximas de cerca de 35ºC
·
Noite
quentes
O CP12 estava por perto, por isso metemo-nos ao caminho. Logo
que reentramos no trilho encontramos a Glória que vinha ao nosso encontro. Por
pouco não nos desencontrávamo-nos. Depois das fotos e aconselha-la a subir para
ver o lago, continuamos a descer devagar e depressa ela nos
apanharia.
Finalmente começamos a ver o CP11. É o encontro com a São
depois de 10 dias e mais de 440 km. Vamos ao CP fazer o registo e voltamos para
junto delas. Tinham-nos preparado um almoço, com direito a duas cadeiras para
descansarmos confortavelmente.
O encontro com a Glória |
Depois de contar as novidades e almoçar, é hora de tratar dos
pés. Agora com material adequado para bolhas e com “enfermeira” particular
(obrigado São pela paciência que vais ter daqui até ao fim). Tenho de escolher
as sapatilhas a utilizar. Tinha as Hoka Tor e as Altra. Decidi pelas Hoka mesmo
correndo o risco de aquecer os pés. Foi precisamente o que veio a acontecer.
Depois desta paragem mais prolongada, mas que se justificava, temos de partir, pois queríamos chegar a Vielle Aure e a subida era grande. Combinamos encontro intermédio para jantar em Loudenvielle e vamos a mais uma etapa. Agora animados pela equipa de apoio seguimos montanha acima. Subida agradável por um vale com marmotas por todo o lado. Animal curioso que desconhecia. Tem algumas semelhanças aos coelhos com muitas tocas cavadas no solo.
Agora é outro conforto |
Depois desta paragem mais prolongada, mas que se justificava, temos de partir, pois queríamos chegar a Vielle Aure e a subida era grande. Combinamos encontro intermédio para jantar em Loudenvielle e vamos a mais uma etapa. Agora animados pela equipa de apoio seguimos montanha acima. Subida agradável por um vale com marmotas por todo o lado. Animal curioso que desconhecia. Tem algumas semelhanças aos coelhos com muitas tocas cavadas no solo.
A marmota a ver-nos passar. |
Estávamos a chegar ao alto e já na descida conseguimo-nos
aproximar bastante das marmotas. Têm menos medo que os coelhos. Descida feita
nas calmas por um trilho a meia encosta, nalguns sítios meio cavado na rocha e
com um vale profundo à nossa esquerda. Seguíamos quase as curvas de nível, sem
perder grande altitude e começamos a ver lá bem em baixo Loudenville. Pouco
depois encontramos a Glória que já tinha subido bastante e tinha encontrado o
grupo do João Oliveira a chegar lá abaixo. Tinha andado perdida por fora do
trilho, e por pouco não nos desencontramos. Fomos descendo e atravessamos toda
a cidade que tem um centro bem animado e fomos parar já na saída onde a São
tinha a mesa preparada para recuperarmos energias para o resto da jornada. Já
não faltava muito para chegar a Vielle Aure. Saímos já com os frontais
preparados. Tínhamos cerca de 500 m de D+ e depois uma descida lenta que
parecia não mais acabar. Como conhecia a zona devido à participação no GRP,
estava constantemente a tentar identificar as luzes que se viam por todo o lado
naquele vale. Custou-me bastante esta descida porque tinha a expectativa que
seria muito mais perto. Mas finalmente reconheço as luzes do supermercado.
Agora já conhecia. Seguimos pela estrada até ao pavilhão onde estava instalado
o CP13. Encontramos aqui o João Oliveira, que se preparava para dormir.
Tratamos da rotina habitual – comida – tratar dos pés –
dormir. Neste dia os meus pés estavam muito mal tratados. Mudei para a
sapatilhas altra, que a São tinha trazido e melhorou um pouco o conforto,
embora fosse comprometer a aderência. Entretanto chega a São e Gloria que
estavam no parque de campismo. Depois de tudo tratado as despedidas porque tínhamos
de dormir 4 horas e partir pela madrugada. Dormimos em cima do palco que era o
local mais recatado.
DIA 10
Às 4 da manhã o João, que já estava preparado, acorda-me.
Depressa arrumo o saco de cama e colchão e vamos tomar o pequeno-almoço para partir
logo de seguida.
Por aqui, o João começa a mostrar alguma dificuldade em
progredir. Os pés dele estão bem piores que os meus. Opto por avançar ao meu
ritmo ganhar avanço e depois sentar-me à espera dele.
Lago de Oule |
Avisto o alto que reconheço das passagens do GRP a caminho do
primeiro abastecimento. Como aqui existe acesso para carros, vamos encontrar
muitos grupos de caminheiros a iniciar os seus passeios.
Pensava que iria descer pelo mesmo percurso GRP, mas não.
Logo que começamos a descer desviamos mais à direita por um trilho bem mais
bonito, visto que seguia a uma cota mais elevada e com vista soberba sobre o
lago de Oule(no GRP passávamos lá em baixo junto ao lago). Mais uma paragem à
espera do João e depois iniciamos a descida até à cota do lago. As dificuldades
do João vão-se agravando. Paro junto ao lago onde nos cruzamos com o percurso
do GRP. Vamos dar meia volta ao lago e iniciamos uma subida acentuada. Vamos
passa por grupos de adolescentes com guias de montanha. A guia questiona-me
sobre a transpyrenea e os miúdos ficam com cara de espanto quando souberam os
kms que já tínhamos feito. Alguns tentam acompanhar-me na subida, mas depressa
ficam para trás.
Vista fantástica |
Tínhamos agora um percurso com pouco desnível, mas sempre a
subir até aos lago d’Albert. Percurso delicioso, mas o dia estava extremamente
quente, o que complicava a progressão. Havia a indicação de um refugio junto ao
lago. Eu decido seguir e esperar pelo João no refugio. Quando chego e vejo que
afinal o edifício que deveria ser o refugio estava encerrado há muito tempo,
sento-me à espera junto ao lago. É neste momento que toca o telefone. É o João
Colaço que me diz que decidiu descansar um pouco numa sombra e que eu continue
que ele vai tentar recuperar porque estaria com mais dificuldades. Ainda tento
ver se ele precisa de alguma coisa, se está em condições de continuar ou se é
preciso comunicar com a São que estava lá em baixo. Mas a determinação dele
para continuar era grande. Tinha era de recuperar forças. Custou-me tomar a
decisão de seguir, mas naquele momento pensei que começava também a ficar com
pouca folga de tempo para gerir mais à frente em caso de necessidade. Decisões
difíceis mas que têm de se tomar. Felizmente correu tudo bem com ele.
Tínhamos ainda uma subida por um trilho muito técnico e
depois era sempre a descer. Paragem para tirarmos fotos com os lagos lá em
baixo, que maravilha.
Cerca de 2 km a descer e apanhamos o trilho GRP junto a uma
cabana. (julgo que foi aqui que o João veio dormir). Agora é sempre a descer
pelo vale abaixo. No GRP tinha feito a subir e pareceu-me mais longo desta vez,
talvez por ir cheio de fome. Finalmente chegamos ao parque de estacionamento no
inicio da célebre “route du Tourmalet”. Pensava que ia encontrar o meu staff de
apoio, mas chego e não vejo ninguém. Tento telefonar, mas não consigo.
O Marc já tinha ido para o restaurante e eu vou ter com ele beber uma cerveja e comer uma enorme sandes. Mais composto iniciamos a descida. O Marc queria descer pelo alcatrão, mas eu, suspeitando que ia encontrar a Gloria disse-lhe que conhecia o trilho e que este era sempre paralelo à estrada. Entramos no trilho e menos de 300 m depois, encontramos a Gloria. A São tinha ficado à entrada da vila de Bareges a aquecer uma sopa e com umas cervejas fresquinhas. Quando chegamos junto dela o Marc ainda resistiu a sentar-se à mesa, mas depois lá se sentou comeu uma sopa e no fim a cerveja também marchou. Estávamos no km 500. A noite estava a chegar e tínhamos 7 km de alcatrão até ao CP14.
Com o Marc |
O Marc já tinha ido para o restaurante e eu vou ter com ele beber uma cerveja e comer uma enorme sandes. Mais composto iniciamos a descida. O Marc queria descer pelo alcatrão, mas eu, suspeitando que ia encontrar a Gloria disse-lhe que conhecia o trilho e que este era sempre paralelo à estrada. Entramos no trilho e menos de 300 m depois, encontramos a Gloria. A São tinha ficado à entrada da vila de Bareges a aquecer uma sopa e com umas cervejas fresquinhas. Quando chegamos junto dela o Marc ainda resistiu a sentar-se à mesa, mas depois lá se sentou comeu uma sopa e no fim a cerveja também marchou. Estávamos no km 500. A noite estava a chegar e tínhamos 7 km de alcatrão até ao CP14.
Um miminho ajuda sempre |
Mais uma vez somos muito bem recebidos pelos voluntários de
serviço neste CP. O meu staff chegou depois de se instalarem num parque de
campismo próximo do local. A saída daqui era por um sector alternativo sem
qualquer marcação. Combinei sair com o Marc que já tinha recebido as instruções
de como chegar a Sazos, vila a cerca de 5 km e a partir da qual deveríamos
entrar no GR10.
O CP16 ficava a 19 km
e tínhamos de subir cerca de 1200 m D+, e descer para o mesmo nível. Saída do
CP15 em alcatrão cerca de 1 km até entrar no GR10 por uma subida de inclinação
muito elevada (ao meu jeito).
DIA 11
Como já não tinha o João, o despertador teve de ser
programado para as 4h, mas ainda acordei antes. Arrumei as coisas, acordei o
Marc e comemos qualquer coisa e partimos. Pouco tempo depois entramos no GR10
(onde supostamente não devíamos entrar) no sentido sul. Sazos era para o lado
contrário. Como era de noite não era fácil ter pontos de referência. Seguimos
cerca de 2 km pelo GR10 até atravessarmos uma ponte onde viramos à direita e
encontramos uma placa de direcção com a indicação de Sazos. Cerca de 1 km depois
encontramos um cruzamento donde supomos, deveríamos ter vindo, visto que o CP
era ali do outro lado do rio. – Perdida I do dia.
Seguimos até Sazos pela estrada sempre a subir e pouco tempo
depois surge a placa de Sazos. Fazemos vários S em curvas apertadas e
encontramos à esquerda a indicação de GR10. Nem hesitamos, entramos pela escadaria
acima. Subimos, passamos por uma pequena aldeia e entramos num trilho plano.
Algum tempo depois, comecei a desconfiar porque à nossa esquerda, lá em baixo
estava Luz st Sauveur, donde tínhamos vindo, mas seguia na expectativa de
encontrar uma viragem à direita na direcção de Cauterets. O tempo e os km iam
passando e agora Luz já começava a ficar para trás e nada de viragem à direita.
Ligo o GPS e verifico que já estávamos perto do trilho marcado e que tinha sido
anulado. Só aqui se faz luz e começo a pensar que em Sazos entramos no trilho
em sentido contrário. Paramos para estudar o mapa com a localização que o gps
nos dava e chegamos à conclusão que estávamos errados e lá tivemos de retornar
pelo mesmo trilho até Sazos – Perdida II do dia.
Ao descer para a estrada de onde tínhamos vindo, confirmamos
a continuação do trilho também para a direita, para dentro da vila. O Marc
vinha chateado com o engano e não quis descer e seguiu pelo alcatrão. Segui
sozinho por dentro de Sazos. Ainda andei um pouco perdido nas ruelas estreitas
da vila, mas acabei por entrar nos carris. Depois de sair da vila volto à mesma
estrada (o Marc tinha razão). Passado algum tempo, já no trilho depois de
GRUST, começo a ver luz à frente. Acelero o passo e acabo por passar pelo Marc
que tinha ganho algum avanço com o atalho pelo alcatrão. Seguimos próximos um
do outro, mas na decida para Cauterets, como me sentia bem decidi ir mais
rápido. Já relativamente próximo da cidade, meto por um corte à direita num
trilho também marcado, mas que ia entrar em Cauterets pelo lado contrário.
Quando chego fico perdido porque não encontro nenhuma indicação. Percorro
várias ruas à procura, ligo o GPS que me dava uma localização estranha para o
CP, até que depois de cerca de 20 minutos naquilo, descubro uma seta de
indicação do CP15. Quando finalmente chego ao CP, já lá estava o Marc à algum
tempo – Perdida III do dia.
O Marc segue e eu ainda fico mais um pouco.
Adicionar legenda |
Na descida para o lago de Estang encontro a Glória cerca de 2
km antes do lago. A São ficou junto ao lago com a banca montada para o almoço.
Estava calor e por isso aquela sombra estava óptima para a sesta. Ao chegar vou
por os pés de molho, mas a água estava gelada e não conseguia aguentar muito
tempo. Quando almoçávamos, passa o Daniel que bebe uma cerveja connosco e
continua o seu caminho. O CP16 estava a 3 km sempre a descer.
Depois de mais de 2 horas de repouso e de mais um tratamento
dos pés, segui com a Glória para o CP16.
A subir pelo trilho errado |
Supostamente seria sempre a descer pelo vale até Estang.
Pouco tempo depois começamos a encontrar marcações recentes com fitas e tinta
por fora do alcatrão e que passamos a seguir. Ia alternando estrada e trilhos
abertos recentemente e marcados, até que as marcações entram num trilho
bastante bonito que começa a desviar-nos para a encosta à esquerda. Pensávamos
que seria um pequeno desvio, mas cada vez subíamos mais pela montanha acima.
Entretanto começa a chover e o trilho torna-se escorregadio. Começo a achar
estranho aquele afastamento do vale. Ligo o GPS e confirmam-se as
desconfianças. Estamos no trilho marcado para outra prova e temos de voltar
para trás - Perdida IV do dia.
Quando chegamos ao CP16 estava lá o Marc que fez o mesmo que
nós mas continuou a subir fazendo toda a volta.
Paro pouco tempo no CP16 para aproveitar a boleia do grupo dos
espanhóis que estava para sair. Era composto pelo Marc (catalão), pelo
Fernandez (basco), por Ioannis (grego) e por mim. Seguiu também connosco um
basco que andava a apoiar este grupo e que nos acompanhou durante os primeiros
km. O próximo CP ficava a cerca de 17 km com uma subida longa seguida de
descida pouco acentuada atravessando uma estrada onde encontro, de carro, o
basco que nos tinha acompanhado no início. A descida que se seguia, sem trilho definido,
atravessava um prado até ao vale. Numa paragem para comer uma barra fui apanhado pelo grupo que se tinha atrasado na subida. Voltamos a subir e ao chegar
ao cimo, uma pausa para comer as últimas amêndoas com o grupo, e já de noite
escuro iniciamos a descida acentuada e bastante técnica, de cerca de 400 m de desnível.
Mais cedo do que esperava, chegamos a Gourette onde estava o CP17. Como
seguíamos em grupo, passamos o desvio para o CP17 sem dar por ele. Descemos a
escadaria para o centro da vila e do CP nem vestígios. Ainda seguimos o GR10
até à saída, mas não encontramos nada. O Basco telefonou para o amigo que
deveria lá estar e foi então que voltamos atrás e subimos até ao CP17 - Perdida
V do dia.
O CP17 funcionava numa pequena sala onde se podia dormir.
Quando chegamos, os colegas de jornada saíram logo. Julgo que foram jantar e
dormir na autocaravana. Estavam aqui já a preparar-se para dormir o casal
italiano e mais um outro atleta. Ainda arranjei um colchão para dormir até as 4 horas
e mais uma vez despertei antes do relógio.
Faço toda a subida só até encontrar o Daniel, A partir daí seguimos os dois até Gabas. Esta descida tem trilhos brutais. Tenho bem gravado na memória o trilho cavado na rocha durante mais de 300 m, onde pela primeira vez senti vertigens, tal era a profundidade do vale à direita. Seguia atrás do Daniel que ia com a GOPRO ligada. A São telefona e combinamos encontro em Gabas. Estamos quase a chegar, entramos numa estrada de alcatrão e cerca de 1 km depois estávamos à entrada de Gabas. O trilho virava à esquerda e não chegava a entrar na vila, por isso telefono a dar a nossa posição. Cinco minutos depois estavam de chegada. Montamos ali mesmo na beira da estrada o nosso piquenique. O Daniel seguiu até ao lago que se situava a cerca de 5 km mais acima onde tinha apoio à espera.
Começamos a subida os dois, debaixo de muito calor. O percurso até ao lago Bious era quase todo em alcatrão ao longo do rio.
Tínhamos 1000 m de subida e estava a chegar a noite. A subida em zig-zag era contínua e acentuada, mas meto um ritmo certo. Chego lá a cima ao anoitecer, com chuva e nevoeiro. Sinto-me inseguro, porque o trilho é indefinido e só com auxilio do GPS se consegue progredir. Vejo uma luz atrás e decido esperar. Era o Daniel. Naquelas condições, a dois era muito mais fácil. Mesmo assim ainda andemos às aranhas nalguns pontos. Finalmente aparece do meio do nevoeiro a luz do parque de campismo onde funcionava o CP. Já lá estava a São e a Gloria com a tenda montada e jantar. Tomei um banho quente e programei mais 4 horas para descanso. A São levantou-se à mesma hora para me preparar os pés para a viagem.
Entramos agora por um
trilho com grau de dificuldade bastante mais baixo e com pedra muito idêntica à
da serra dos candeeiros. Já nas imediações da estação de sky, cruzamos com
acompanhantes de atletas que vem em sentido contrário. Ainda sentimos algumas
dificuldades de orientação e o Daniel telefona a pedir informações. Estávamos a
menos de 500 m da BV e chovia copiosamente. Mais uns minutos e avistamos os
edifícios da estação de sky. Uma grande comitiva à nossa espera dentro dos
edifícios, porque a chuva não os deixava sair.
BV3 reencontro com o
staff alargado ao Beta e Joana. A chuva não nos deixou desfrutar do exterior,
por isso montamos o nosso picnic ali mesmo nas instalações da estação. Paragem
longa de 3h20 para descanso, repor energias e tratar dos pés e da perna que me
vinha a incomodar nas descidas. Aqui havia um pedólogo que nos tratava. Tinha
fila de espera, por isso aproveito para ‘dormiscar’ um pouco.
Queixo-me de uma dor muscular por cima do joelho
esquerdo que me vinha a dificultar as descidas. Coloca-me umas fitas na perna,
mas o efeito não se notou muito. As dores continuaram. A joelheira elástica da
Glória funcionava melhor.
Continua...:
http://jserrazina.blogspot.pt/2017/04/transpyrenea-parte-iv.html
DIA 12
Preparei-me, tomei o pequeno-almoço e saí mais uma vez sozinho.
A jornada iria ser longa visto que o CP18 ficava a 52 km. Era trabalho para o
dia todo.
Faço toda a subida só até encontrar o Daniel, A partir daí seguimos os dois até Gabas. Esta descida tem trilhos brutais. Tenho bem gravado na memória o trilho cavado na rocha durante mais de 300 m, onde pela primeira vez senti vertigens, tal era a profundidade do vale à direita. Seguia atrás do Daniel que ia com a GOPRO ligada. A São telefona e combinamos encontro em Gabas. Estamos quase a chegar, entramos numa estrada de alcatrão e cerca de 1 km depois estávamos à entrada de Gabas. O trilho virava à esquerda e não chegava a entrar na vila, por isso telefono a dar a nossa posição. Cinco minutos depois estavam de chegada. Montamos ali mesmo na beira da estrada o nosso piquenique. O Daniel seguiu até ao lago que se situava a cerca de 5 km mais acima onde tinha apoio à espera.
Fazia calor e abastecemos de água vários atletas que
passavam. Já quando estava para sair chega a australiana Jan que abasteceu de
água. Nunca a tinha visto até aqui, por isso fiquei admirado de a ver chegar de
Gabas. Portanto vinha à minha frente. Só depois soube que estava a fazer La
Pastourale.
Começamos a subida os dois, debaixo de muito calor. O percurso até ao lago Bious era quase todo em alcatrão ao longo do rio.
Esta zona era muito frequentada por caminheiros e escolas de
desportos radicais. A meio da subida a Jan começou a ficar para trás e à
chegada ao lago já não a via. Damos a volta ao lago e continuamos a subir.
Continuo solitário até ao alto. Na subida cruzo com o basco que estava a apoiar
os espanhóis e o grego. Diz-me que eles vêm atrás de mim o que desconhecia.
Mais à frente a atalhar a partir de um refugio vejo 2 atletas a chegar ao alto.
Ainda hesito se devo desviar os cerca de 300 m para beber uma cerveja naquele refúgio. Decido continuar até ao alto para iniciar a descida a uma boa velocidade até encontrar o Daniel com o par do françês e do Belga. Curta paragem junto deles e depois retomamos o caminho de descida. Vou a descer bem rápido e eles ficam para trás. Entramos num vale estreito com o trilho cavado na rocha e uma paisagem espectacular. A chegar ao fim do trilho sou apanhado pelo grupo dos espanhóis. Paramos na fonte à entrada da aldeia, mas decido continuar para ir com calma na subida.
Ainda hesito se devo desviar os cerca de 300 m para beber uma cerveja naquele refúgio. Decido continuar até ao alto para iniciar a descida a uma boa velocidade até encontrar o Daniel com o par do françês e do Belga. Curta paragem junto deles e depois retomamos o caminho de descida. Vou a descer bem rápido e eles ficam para trás. Entramos num vale estreito com o trilho cavado na rocha e uma paisagem espectacular. A chegar ao fim do trilho sou apanhado pelo grupo dos espanhóis. Paramos na fonte à entrada da aldeia, mas decido continuar para ir com calma na subida.
Tínhamos 1000 m de subida e estava a chegar a noite. A subida em zig-zag era contínua e acentuada, mas meto um ritmo certo. Chego lá a cima ao anoitecer, com chuva e nevoeiro. Sinto-me inseguro, porque o trilho é indefinido e só com auxilio do GPS se consegue progredir. Vejo uma luz atrás e decido esperar. Era o Daniel. Naquelas condições, a dois era muito mais fácil. Mesmo assim ainda andemos às aranhas nalguns pontos. Finalmente aparece do meio do nevoeiro a luz do parque de campismo onde funcionava o CP. Já lá estava a São e a Gloria com a tenda montada e jantar. Tomei um banho quente e programei mais 4 horas para descanso. A São levantou-se à mesma hora para me preparar os pés para a viagem.
DIA 13
Saio em solitário pela madrugada, inicialmente por caminhos planos
e depois começamos a entrar na montanha com subidas pouco acentuadas. Vou muito
devagar, parece que não tinha acordado. Sentia-me sem força anímica, mas ia
andando. Seguia eu neste ritmo pachorrento quando vejo atrás de mim o Daniel.
Digo-lhe que estou em dia não, para ele seguir porque não ia conseguir
acompanha-lo. Ele sobe bem e tento segui-lo. Não é que me começo a sentir solto
e a partir daí foi sempre a bom ritmo até à BV3.
A chegar ao col o trilho é muito técnico e perigoso, e no
cimo deparámo-nos com uma parede que temos de descer. Temos umas cordas e
depois é deixar-se ir por ali abaixo.
Continua...:
http://jserrazina.blogspot.pt/2017/04/transpyrenea-parte-iv.html
A preparar a última etapa |
Pronto para a partida |
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